Chile: milhares vão a funeral de jovem assassinado por neonazis
Milhares de pessoas acompanharam nesta sexta-feira (30) a cerimônia fúnebre que levou até o Cemitério Geral desta capital os restos de Daniel Zamudio, o jovem homossexual selvagemente agredido por neonazis em 3 de março.
Publicado 30/03/2012 19:24
A cerimônia de despedida foi acompanhada por uma caravana de quase cem veículos com fotos do jovem e mensagens contra a homofobia e todas as ideias discriminatórias que prevalecem na sociedade chilena, marcada por um profundo conservadorismo.
Na ocasião, a Corporação Parque pela Paz Villa Grimaldi, Monumento Nacional onde era o principal centro de torturas e crimes da ditadura, sublinhou que a morte de Daniel Zamudio tem sua origem não apenas nos assassinos que a levaram a cabo, mas também no déficit existente na educação sobre direitos humanos no Chile.
A agressão e posterior morte de Daniel, afirmou a instituição em um comunicado, é um termômetro do Chile de verdade, porque reflete dramaticamente níveis de intolerância, xenofobia e perseguição a pessoas por serem diferentes.
Desta vez, acrescentou, a vítima foi um jovem que assumia sua homossexualidade. Outras vezes, foi a condição de ser emigrante peruano, mapuche, velho, pobre, deficiente; definitivamente, ser diferente é perigoso nas ruas de Chile.
A violência irracional que tirou a vida de Daniel Zamudio não é um fato isolado no Chile, é resultado da ausência de uma democracia com plena vigência de direitos cidadãos, situação que remete à violência que ontem sequestrou, torturou e fez desaparecer milhares de compatriotas, indicou a declaração.
Depois de três semanas lutando para sobreviver, o jovem de 24 anos morreu terça-feira passada, depois de um grupo de quatro neonazis, segundo as primeiras investigações, o ter torturado durante quase seis horas, o deixando em coma induzida da qual não pode se recuperar.
Os assassinos o deixaram com fraturas no crânio, no tórax e nas extremidades; o queimaram com cigarros, cortaram uma orelha e marcaram três suásticas no seu corpo com o gargalo de uma garrafa quebrada.
O Sétimo Tribunal de Garantia de Santiago marcou para 23 de abril deste ano a audiência para reformalizar as acusações de homicídio pré-meditado contra quatro jovens de 19 a 25 anos de idade, apontados como responsáveis pelo brutal ataque.
Com informações da Prensa Latina