Família de espanhol morto pela ditadura quer construção memorial
A família do espanhol Miguel Sábat Nuet, morto em 30 de outubro de 1973 no Dops, em São Paulo, quer que um monumento seja construído no Memorial da Resistência para lembrar de forma permanente os 475 mortos e os 20 mil presos durante a ditadura militar (1964-1985).
Publicado 02/04/2012 15:06
O monumento sugerido pela família Sábat seria uma tocha, a exemplo da que existe no Fossar de les Moreres, que lembra, em Barcelona, os catalães mortos na Guerra da Sucessão Espanhola.
O projeto, que eles pretendem levar ao governo brasileiro em conjunto com outros familiares de desaparecidos políticos, foi divulgado no sábado (31) em Barcelona, durante uma missa privada em homenagem a Nuet.
No final do ano passado, a família recebeu as cinzas dele em cerimônia realizada pela Secretaria de Direitos Humanos em São Paulo. Na ocasião, o governo brasileiro pediu perdão à família e classificou a morte de Nuet, inicialmente registrada como suicídio, como assassinato.
A família também foi indenizada em R$ 100 mil. Nuet não tinha nenhuma militância conhecida em organizações de esquerda.
A localização da sua família na Espanha e Venezuela, para onde ele havia emigrado em 1950, aconteceu em janeiro de 2008. Quatro meses depois, seu corpo, enterrado em uma vala comum no Cemitério Dom Bosco, foi exumado e um exame de DNA atestou que se tratava mesmo de Nuet.
"Estes últimos quatro anos foram de expectativa, muita dor e agora libertação", afirmou Miguel Sábat Díaz, um dos filhos do espanhol. "É irônico que estejamos nos despedindo dele justamente no aniversário do golpe militar do Brasil. Nosso desejo é que a morte dele e dos outros não fique impune", disse a filha, María del Carmen Sábat.
Fonte: Folha.com