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Protesto nas ruas do centro de SP marca 48 anos da ditadura

Cerca de 300 pessoas se reuniram neste domingo (1º/04), em frente ao Cemitério da Consolação, região central da capital paulista, em um protesto contra os 48 anos do golpe militar de 1964, que daria início a um período ditatorial de 21 anos no Brasil (1964-1985). A data de 1º de abril, Dia da Mentira, deu o mote à organização do ato, que batizou o evento como "Cordão da Mentira".

Cordão da mentira - Circuito Fora do Eixo

O Cordão da Mentira é uma reunião de coletivos políticos, grupos de teatro e de sambistas de diversas escolas de samba paulistanas. Com um carro de som, bateria e quatro sambas compostos especialmente para a data, o grupo percorreu diversas ruas de São Paulo, em locais considerados por eles como emblemáticos durante o regime militar.

Os manifestantes seguraram cartazes com fotos de mortos e desparecidos durante a ditadura e leram poemas pedindo punição aos ditadores. Uma bateria tocou sambas cujos temas tratam da ditadura.

Silvio Carneiro, um dos integrantes do protesto, disse que o objetivo do ato é rediscutir o passado do Brasil. E também falar do futuro.

"Queremos repensar o futuro do Brasil. Temos que verificar a verdade da ditadura, o que aconteceu no passado. Crimes da ditadura devem ser investigados e os criminosos devem ser punidos, como aconteceu em outros países da América Latina", disse.

“O Brasil é o único país da América Latina que não julgou os criminosos da ditadura”, disse uma das organizadoras do protesto, Priscila Oliveira. “Como não tivemos esse julgamento, temos heranças, marcas ainda presentes de repressão e violência contra movimentos sociais e o direito de livre expressão”.

Sobre um pequeno trio elétrico, os manifestantes fizeram esquetes de teatro satirizando a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que, 13 dias antes do golpe de 1964, convocava o Exército a se levantar 'contra a desordem e a subversão'.

A passeata partiu do Cemitério da Consolação e passou pela Rua Maria Antônia, onde foi morto o estudante secundarista José Guimarães, pela sede do jornal Folha de S.Paulo e pela antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops).

Raquel Moreno, 66 anos, era estudante de psicologia na USP em 1968 e guarda boas recordações do movimento estudantil. "Era um período muito rico em que a gente acreditava que poderia fazer a diferença. Nos anos 70 enveredei para o movimento feminista e hoje estou aqui para que não se esqueça o que aconteceu naquele período. Se hoje vivemos em um período democrático, muito se deve às lutas passadas", afirma.

Informações das agências