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Escola da rede estadual de SP pode ter fraudado nota do Idesp

A nota alta que a escola estadual Reverendo Augusto da Silva Dourado, em Sorocaba, interior paulista, obteve no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), índice de qualidade da rede de ensino, está sob suspeita. Há indícios de que o impressionante 9,3, em uma escala de 0 a 10, pode ter tido uma ajudinha dos professores durante a avaliação.

Depois de ter negado a denúncia, na reportagem, afirmando que a mesma não procede e, portanto, não abriria sindicância para apurar, a secretaria a Educação do Estado de São Paulo voltou atrás e declarou, na edição impressa, desta terça-feira (3), de um jornal de grande circulação, que vai pedir que sejam apuradas as circunstâncias da realização da prova do Saresp naquela escola.

A unidade foi a mais bem colocada no Idesp. O desempenho chama a atenção por ultrapassar o dobro da média das turmas do 5º ano do Ensino Fundamental. Um boletim emitido pela escola afirma que todos os estudantes tiraram a nota máxima em matemática e 81% alcançaram resultado avançado em português.

A revelação veio à tona com uma reportagem no Portal IG, que conversou com a vizinhança do colégio, no Jardim Iporanga 2, área ocupada que está em processo de legalização com a prefeitura, e constatou que pelo menos quatro dos 27 estudantes que fizeram a avaliação do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), prova de português e matemática que compõem o Idesp, receberam ajuda dos docentes durante as provas.

“Quando a resposta estava errada, a professora mostrava o erro. Às vezes ela dava a resposta, ou falava para a gente reler o texto com mais atenção”, relata H.L.S.S., de 10 anos, que se formou na escola no ano passado e fez parte da turma bem avaliada no Saresp.

A mãe da aluna Sabrina, 12, Alessandra Vidal da Silva, formada em 2011, revelou que estudantes que faltaram no dia de aplicação do Saresp tiveram a prova feita por professores.

“Minha filha teve bastante dificuldade na escola nova (6º ano do ensino fundamental) e até faz reforço. Se o ensino fosse bom, ela não precisaria disso, né?”, questiona a dona de casa.

Colegas de Sabrina da turma de 2011 confirmam as suspeitas de fraude. “Tinha algumas perguntas que eu não sabia responder, mas a professora confirmou”, conta L.A.S.R, de 12 anos. L.H.S. de 13 anos, que repetiu dois anos, diz que as dúvidas dos alunos eram respondidas durante a prova.

Grande parte dos alunos moram no Jardim Iporanga 2. Lá, todos comentam sobre a ajuda extra que os estudantes supostamente tiveram no Saresp. “As crianças chegaram falando que a professora deu um monte de respostas. Teve um que só escreveu o nome e ela fez a prova”, conta Josilene Neide dos Santos, 24, mãe de uma aluna da educação infantil, que funciona no mesmo prédio da Reverendo Augusto da Silva Dourado.

Com cerca de 70 alunos, a escola tem apenas as cinco primeiras séries do ensino fundamental e tem o perfil de outras escolas campeãs no Saresp: poucos alunos por sala de aula (média de 14) e proximidade com os pais de alunos. Em 2010, a escola teve Idesp 6,07. No ano seguinte, saltou para o topo – a segunda maior nota obtida foi 8,95, em Araras, e a primeira da capital 7,43. Já no Índice Nacional da Educação Básica, do Ministério da Educação, seu desempenho ficou abaixo da média estadual e do município, em 4,5.

Bônus de professor é calculado com base no Idesp

O Idesp combina as notas obtidas no Saresp com os dados de aprovação. A soma resulta em um índice que serve como base para calcular metas para as unidades escolares, que determinam o bônus dos professores. Caso a meta seja atingida, as equipes chegam a ganhar o equivalente a 2,4 salários. Se atingir metade da meta, eles recebem 50% do bônus. 

Com agências