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Mercado de poluição despenca na Europa

O preço das licenças de emissão, que dão ao detentor o direito de liberar dióxido de carbono na atmosfera, despencou esta semana para um recorde de baixa. As licenças estão 11% mais baratas do que no início do ano, sendo negociadas a menos de um quarto do preço de julho de 2008.

O golpe mais recente veio nesta segunda-feira, quando a União Européia divulgou dados preliminares mostrando que no ano passado suas emissões de carbono caíram mais do que o esperado. Embora a queda na poluição produzida pela Europa seja benéfica para o meio ambiente, ela gera dúvidas sobre a viabilidade de um mercado que já foi louvado como um precursor para o resto do mundo.

O declínio nos preços ocorre agora que os investidores continuam a se afastar do mercado. Esperanças de que outros países, como os Estados Unidos, adotariam o modelo da UE foram destruídas, e as conversações internacionais sobre o clima têm feito progressos lentos na direção de um consenso global.

Os balcões de negociação do setor foram reduzidos, e os bancos, que antes eram grandes participantes nesse mercado, não estão mais fazendo grandes apostas. Sob um sistema conhecido como "limitar e negociar" (cap and trade), a União Européia lançou em 2005 o comércio dessas licenças, depois de fixar um limite para a quantidade de dióxido de carbono ou gases similares que certos setores, tais como as concessionárias de serviços públicos, poderiam emitir.

A idéia era incentivar os investimentos em tecnologias de energia limpa e combustíveis menos poluentes. As empresas que ficassem abaixo do limite poderiam vender suas licenças no mercado aberto, obtendo lucro. Mas ultimamente as coisas não têm andado de acordo com esse plano.

Acompanhando a contração da economia européia, grandes emissores, como usinas termelétricas, vêm operando a um ritmo mais lento e liberando menos gases. Com menos demanda pelas licenças de emissão, surgiu um excesso de oferta, derrubando os preços. Na quarta-feira, o preço das licenças na ICE Futures Europe chegou a cair para 5,99 euros (US$ 7,83) a tonelada, antes de se recuperar e fechar em 6,21 euros, ainda assim com queda de 2,2% no dia. Os preços caíram cerca de 65% em relação ao ano passado.

A queda nos preços tem criado incentivos na Europa para se queimar mais carvão para gerar eletricidade. Segundo a National Grid PLC, operadora das redes de gás natural e energia do Reino Unido, o carvão representou 46% da geração no primeiro trimestre deste ano, em comparação com 26% para o gás natural. É uma porcentagem mais elevada de carvão ante os trimestres anteriores.

Fonte: Monitor Mercantil