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Após ser criticado, Israel quer retirar Nobel de Günter Grass

Em mais uma ação intransigente, o governo de Israel sugeriu que deve ser retirado o Prêmio Nobel do escritor alemão Günter Grass, que publicou, na semana passada, o poema “O que precisa ser dito” no qual critica o potencial atômico de Israel. Grass também criticou a decisão do governo alemão de vender a Israel um submarino que poderia, segundo fontes estrangeiras, portar armamentos nucleares.

O escritor Günter Grass considerado "persona non grata" pelo Estado de Israel/ Foto: Reuters

As ações israelenses, no entanto, vêm sendo rebatidas e criticadas por intelectuais e jornalistas tanto de Israel, quanto da Alemanha. Em artigo no site de noticias israelenses Ynet, o escritor Eyal Meged afirma que "nem todos os que criticam Israel são antissemitas. (…) A escrita de Grass, que admiro há décadas, é emocionante e humana… é óbvio que esse grande escritor não é antissemita", afirma Meged, ao acrescentar que Grass "tem o direito de nos criticar o quanto quiser".

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O jornal, também israelense, Haaretz criticou a atitude do governo: "o ministro do Interior, Eli Ishai, não percebe a ironia de suas palavras, pois justamente sua decisão de barrar a entrada de Grass em Israel por causa de um poema que escreveu lembra regimes sombrios, exatamente como os do Irã ou da Coreia do Norte".

E propõe que o debate sobre os pronuciamentos de Grass seja conduzido de acordo com normas liberais e democráticas "que permitem que todas as pessoas expressem suas posições, por mais provocativas que sejam".

O ex-embaixador de Israel na Alemanha, Avi Primor, afirmou que "vale a pena prestar atenção ao titulo do poema – “O que precisa ser dito” — que expressa uma indignação pelo medo de criticar Israel". Para o diplomata, esse medo decorre da reação do governo israelense às criticas, "como Ariel Sharon, que considerava qualquer crítica como 'antissemita'"

Com informações da BBC e do CubaDebate