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Relatório aponta que Otan deixou líbios à deriva para morte

Análise da Universidade de Londres conclui que há um ano os militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Mediterrâneo se negaram a resgatar barco à deriva com dezenas de refugiados da Líbia. O descaso ocasionou a morte, por falta de comida e água, de cerca de 60 líbios.

Da Redação do Vermelho, Joanne Mota com informações da Esquerda.net

O relatório de 90 páginas salienta que não está claro a postura escolhida pelos militares, pois a Otan possui avançadas técnicas de "oceanografia forense" para determinar os movimentos exatos de qualquer embarcação à deriva, o que vializaria o resgate dos refugiados.

De acordo com a Universidade, o estudo foi elaborado a partir do relato dos nove sobreviventes, que lançaram as suspeitas sobre a marinha britânica, uma vez que a descrição do helicóptero que por duas vezes sobrevoou e comunicou-se com a embarcação corresponde à dos Westland Lynks usados pelos militares britânicos que sobrevoavam o Mediterrâneo durante à invasão à Líbia.

Os sobreviventes afirmam que foram abandonados pelo helicóptero e pelo navio de guerra, "apesar de terem empunhado bebês já mortos e galões de gasolina vazios para chamar a atenção dos militares".

Os relatos falam ainda de outro navio militar, supostamente francês, que se aproximou do barco e ignorou os pedidos de ajuda. O Conselho da Europa já tinha promovido um inquérito sobre o caso, acusando também um navio espanhol de ignorar os apelos dos refugiados.

Em conclusão, o inquérito do Conselho da Europa, o qual os EUA e a Grã-Bretanha se recusaram a colaborar, demonstrou que "os Estados participantes nas forças da Otan tinham a informação e a capacidade para dar assistência aos migrantes, mas não agiu de forma a evitar a morte de 63 pessoas".

Conheça o caso

Em março de 2011, a Otan foi acusada de abandonar à própria sorte um barco com cerca de 60 pessoas em fuga da Líbia. Destas apenas nove sobreviveram.

Não é a primeira vez que navios de guerra à serviço da Otan em agressão contra a Líbia são acusados de se recusar a socorrer refugiados. Também não é nova a recusa por parte da Otan às acusações.

No mesmo período, outra embarcação tripulada por centenas de refugiados líbios, também é abandonada pelos militares que policiavam a região. Neste caso, 61 pessoas morreram de fome e sede.

Segundo denúncia da agência de refugiados Habeshia, no dia 26 de março um helicóptero se aproximou do barco, forneceu biscoitos e água. Após três dias, o porta-aviões Charles de Gaulle passou a cerca de 300 ou 400 metros da embarcação em risco, o que torna impossível não ter visto o banrco.

O padre eritreu Moses Zerai declarou à imprensa que informou à Guarda Costeira italiana sobre o risco que corriam os ocupantes da embarcação. Segundo ele, a Otan também foi informada.

Em nota, a Otan e o governo frânces se recusam a assumir a culpa pelas mortes.