Sem categoria

Deputados e cientistas pedem mais recursos para Proantar

A necessidade de mais recursos financeiros para a recuperação da Estação Antártica Comandante Ferraz e o fortalecimento do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) foram destacados na audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (11), reunindo parlamentares e cientistas. Os parlamentares e convidados discutiram a importância do programa e as medidas a serem adotadas para reconstrução da Estação Ferraz, destruída parcialmente após incêndio, em fevereiro deste ano.

Segundo informações do contra-almirante Marcos Ferreira, da Comissão Interministerial para Recursos do Mar, o acidente destruiu e prejudicou a continuação de 40% das pesquisas científicas realizadas na Antártica e somente 30% das instalações ficaram em condições de operar. Segundo ele, o acidente motivará a construção de uma plataforma mais moderna, utilizando equipamentos mais adequados para a exploração e investigação da região.

Jefferson Simões, coordenador do programa e representante no Comitê Internacional da Antártica, alerta que os recursos investidos têm caído, principalmente porque R$990 milhões serão destinados à reconstrução e restará pouco ou quase nada para estímulo ao estudo e pesquisa.

Importância científica e política

“Se não houver uma ação nessa Casa (Câmara dos Deputados), no orçamento ou em algum dos ministérios, eu infelizmente vou ter que cancelar uma série de atividades, ou até parar. Se não houver uma ação juto ao MEC (Ministério de Educação) nós vamos começar a perder especialistas para outros países”, declarou Simões.

A coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), Yocie Yoneshigue Valentin, ressaltou a importância dos trabalhos científicos desenvolvidos na Antártica. Segundo ela, as pesquisas ajudam diretamente à sociedade ao colaborar para o desenvolvimento de estudos sobre possíveis impactos das mudanças globais na Antártica, para o aprimoramento das previsões climáticas e para o conhecimento sobre a diversidade biológica.

Janice Trotte, coordenadora-geral de Mar e Antártica da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), alega que a ciência no Tratado da Antártida tem um papel no desenvolvimento científico, de preservação ambiental e um papel político, pois o Brasil tem a possibilidade de interferir no destino de 10% do território do planeta.

Apoio dos parlamentares

No debate, proposto pelas deputadas do PCdoB, Jô Moraes (MG), Luciana Santos (PE) e Perpétua Almeida (AC), as deputadas criticaram o baixo investimento feito pelo Brasil em pesquisa científica.

A deputada Jô Moraes destacou a importância do Brasil no cenário mundial e a necessidade de relocação de recursos. “Somos a sexta potência econômica mundial e deveríamos assumir nossas responsabilidades e garantir a imediata reestruturação da base cientifica na Antártica”, defendeu a deputada.

A líder do PCdoB, deputada Luciana Santos, co-autora do requerimento, acrescenta aos argumentos da demais parlamentares que na Antártica são realizados estudos sobre biologia marinha, monitoramento ambiental e controle da camada de ozônio, que têm interferência direta na questões cotidianas no nosso país.

Inventário

Jefferson Simões fez um inventário dos projetos que precisam, com urgência, de recursos do governo federal. De acordo com informações do professor, o programa vai requerer R$5 milhões para a compra de equipamentos destruídos, arrendamento de um terceiro navio, liberação imediata de recursos de cerca de R$1milhão empenhados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e estruturação de laboratórios (construção e reformas) no Brasil.

“Necessitamos que o governo faça uma relocação de recursos especificamente para as ações científicas. Estamos sempre dependendo de emendas parlamentares, de ações de fundos setoriais e mesmo, circunstancialmente, de ações políticas”, reclamou.

De Brasília
Com agências