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Abril Vermelho: MST ocupa ministério e pede diálogo com Dilma

“A ocupação abre a jornada de luta de nossa campanha do Abril Vermelho e objetiva intensificar o diálogo com o governo”, esta foi a justificativa apresentada por José Damasceno ao explicar a ocupação do prédio do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), em Brasília, ocorrida nesta segunda-feira (16), por de cerca de 1,5 mil trabalhadores rurais integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Segundo informações do Portal do MST, a ação integra a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária que é promovida todos os anos em abril, mês em que 21 trabalhadores sem-terra foram mortos no episódio conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996.

De acordo com a coordenação nacional do MST, dentre as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores estão a elaboração de um plano emergencial para o assentamento das mais de 186 mil famílias acampadas e a criação de um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimentos públicos em habitação rural, educação e saúde, além de crédito agrícola.

Durante coletiva à imprensa, José Damasceno explicou que o MST espera que a presidente Dilma Rousseff “marque uma audiência com os trabalhadores”. A avaliação do ativista é que “o governo, após quase um ano e meio de trabalho, não iniciou a reforma agrária”, por “falta de prioridade política”.

Na opinião de Damasceno, o Palácio do Planalto tem demonstrado que “quer desenvolver o Brasil”, mas para isso “é preciso resolver uma dívida social. A reforma agrária é uma medida social e produtiva: aquece a economia, gera renda e ainda aumenta a produção de alimentos”.

Ele acrecentou que um levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) aponta que a insegurança alimentar é maior na área rural do que na urbana. Enquanto 6,2% e 4,6% dos domicílios em área urbana apresentavam níveis moderado e grave de insegurança alimentar, respectivamente, na área rural as proporções foram de 8,6% e 7%.

Alexandre Conceição, que também é membro da coordenação nacional do MST, disse à imprensa que o número de assentamentos em 2011 foi muito pequeno. "O governo Dilma paralisou a reforma agrária. O ano de 2011 foi o pior dos últimos 16 anos, o governo só conseguiu assentar 22 mil famílias, foi muito aquém do que o povo brasileiro precisa", afirmou.

Segundo Conceição, 186 mil famílias estão acampadas em todo o território nacional, em busca de terra. "Alguns acampamentos têm mais de 15 anos, o que mostra uma incompetência por parte de segmentos do governo em resolver a questão", criticou.

Agenda de luta

Alexandre Conceição informou que até o fim deste mês o MST promoverá em torno de 80 novas ocupações de terra em todo o país, além de atos para que a Justiça "puna os assassinos de nossos companheiros no massacre de Carajás"´.

Segundo ele, ao longo da semana outras ocupações de terra e de prédios públicos (como as delegacias do Ministério da Fazenda e as sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Incra, nos estados), serão realizadas pelo movimento.

Sobre o ato de hoje, o dirigente afirmou que o movimento irá "montar acampamento, preparar o feijão para meio-dia e continuar aqui o nosso protesto. Vamos ficar aqui dentro do prédio até que as reivindicações sejam atendidas”, declarou Conceição.

Com agências