Egito: homem forte de Mubarak não poderá disputar eleição

No sábado (14), a comissão eleitoral do Egito decidiu que o ex-chefe da inteligência do governo de Hosni Mubarak, Omar Suleiman, não poderá concorrer às eleições juntamente com dois influentes islâmicos: Khairat al-Shater, o principal estrategista da Irmandade Muçulmana, e Hazem Saleh Abu Ismail, o paradigma do islamismo ultraconservador.

Manifestantes na Praça Tahrir protestam na capital, Cairo, contra candidatos à presidência do Egito
ligados ao govero de Mubarak/ Foto: Elfiqi-Efe

Os três candidatos disseram, no domingo (15), que vão apelar da decisão da comissão, a qual deve emitir a lista final de candidatos dentro de alguns dias.

A Irmandade Muçulmana, grupo islâmico dominante que atualmente controla o Parlamento, disse no domingo (15) que estava preparada para continuar na campanha mesmo sem o seu primeiro indicado, Shater. Apesar de os advogados do grupo contestarem sua desqualificação – por uma condenação em julgamento político na era Mubarak – Shater disse que estava pronto para endossar o candidato respaldado pelo grupo, Mohamed el-Mursi, presidente do braço político da Irmandade.

Abu Ismail, o islâmico salafista ultraconservador, foi desqualificado porque sua mãe se tornou cidadã estadunidense antes de morrer, o que o impede de disputar a presidência de conformidade com a lei aprovada após a saída de Mubarak.

Suleiman

Suleiman defende mais claramente do que qualquer outro ex-funcionário do governo Mubarak uma restauração da antiga ordem. E ele tem laços profundos como os serviços de inteligência – seu diretor de campanha é seu ex-comandante do serviço secreto -, levantando temores de que seus funcionários poderão retomar táticas da era Mubarak como grampear escritórios de candidatos e fraudar as eleições.

É difícil medir a popularidade de Suleiman, mas seus adversários temem que sua mensagem de lei e ordem possa encontrar eco em egípcios frustrados com a agitação política e os sofrimentos econômicos que vêm enfrentando desde a deposição de Mubarak.

Dezenas de milhares de islâmicos se manifestaram, na última sexta-feira (13), no centro do Cairo contra a candidatura de Suleiman. O Parlamento apressou-se em aprovar uma lei que o proibiria de concorrer, se os atuais governantes militares do Egito a chancelarem e a medida sobreviver a um questionamento legal.

Com informações de O Estado de S. Paulo