Protestos contra corrida de Fórmula 1 continuam no Bahrein

Forças policiais do Bahrein, nos arredores de Manama, intensificaram a repressão contra opositores xiitas que também multiplicaram seus protestos contra a realização do Grande Prêmio da Fórmula 1. Dois competidores já pediram para se retirar.

Líderes do partido Al-Wefaq, o maior da oposição xiita, e da Coalizão Juvenil 14 de Fevereiro (data de início das revoltas em 2011) denunciaram o uso de munições reais e gases lacrimogênios.

Destacamentos de policiais com coletes à prova de balas, cassetetes e capacetes protetores dispararam bombas de efeito moral contra centenas de manifestantes desarmados que avançaram para um centro de exposições ocupado pelo evento esportivo provocando dezenas de feridos, ontem (20).

Enquanto o governo leal ao rei Hamad Bin Issa Al-Khalifa prossegue com os preparativos da corrida automobilística que acontece no domingo (22), movimentos sociais e políticos chamam atenção para sistemáticas violações dos direitos humanos.

Convocados também pela Associação de Jovens do Bahrein pelos Direitos Humanos, muitos ativistas marcharam pelas ruas de Manama exigindo a libertação do defensor dos direitos humanos Abdulhadi A o-Khawaja, em greve de fome há mais de dois meses.

A mesma associação e o Al-Wefaq tinham denunciado, na quinta-feira (19), que as forças governamentais dispararam balas de borracha contra os opositores, o que, asseguraram, deixou mais de 40 feridos, ainda que muitos se abstiveram de ir aos hospitais "por medo de serem detidos ou maltratados".

O clima de agitação política e social foi igualmente sentido no âmbito da segurança, desde quinta-feira, após um artefato de fabricação artesanal explodir próximo a um local por onde passavam membros da equipe britânica Força Índia.

Dois membros dessa escuderia baseada na Grã-Bretanha pediram para se retirar desta ilha do Golfo Pérsico após a detonação de um coquetel molotov nas imediações do circuito internacional Sakhir de Manama.

Os organizadores da corrida informaram em um comunicado que o artefato explodiu na quarta-feira (18) à noite, próximo ao carro dos esportistas e o qualificaram como "um incidente isolado unido a um punhado de manifestantes ilegais que atuam violentamente".

Diante de tais acusações contra o movimento de protesto, representantes da população xiita, majoritária neste reino defenderam a intensificação dos protestos até o domingo, para exigir a saída do poder da minoria sunita bareinita.

Em uma coletiva de imprensa, o ativista Nabeel Rajab criticou que a Fórmula 1 no Barém se converteu em um evento lucrativo pela elite dirigente e "pelos ditadores repressivos que dirigem o país", enquanto centenas de pessoas gritavam nas ruas "abaixo, abaixo, Fórmula 1".

FIA

Neste sábado (21), o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean Todt, não mostrou arrependimento no sábado sobre a decisão de realizar a corrida no Bahrein, dizendo que o esporte não sofre nenhum dano permanente à sua imagem, apesar da condenação mundial.

Fonte: Prensa Latina e agências