Ipea: terceirizado contribui para déficit da Previdência Social

Pesquisa do Ipea aponta que a rotatividade entre terceirizados é alta, pode gerar problemas no financiamento previdenciário e dificultar aposentadoria do trabalhador. Em São Paulo, a taxa de rotatividade entre esses trabalhadores é de 76,2%. No Brasil, a taxa de demissão mensal dos empregados terceirizados chega a 4,1%

A alta rotatividade entre trabalhadores formais terceirizados pode contribuir para o déficit da Previdência Social. O diagnóstico é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e faz parte do estudo “A dinâmica das contratações no trabalho terceirizado”, apresentado no inicio de março.

O Estado de São Paulo — onde há hoje mais de 700 mil trabalhadores terceirizados e com alta rotatividade — é citado como exemplo. O resultado é que esses trabalhadores acabam contribuindo para o INSS apenas durante sete dos 12 meses do ano.

O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, afirmou durante a apresentação do estudo que a exigência de 35 anos de contribuição para a aposentadoria estrutura o mercado de trabalho, mas, com a alta rotatividade dos terceirizado, podem surgir problemas no financiamento previdenciário e dificuldades do trabalhador em se aposentar.

O estudo aponta que uma pessoa do sexo masculino, por exemplo, que começa a trabalhar aos 16 anos, com mais de 35 de contribuição à Previdência, estará em condições de se aposentar a partir dos 51 anos de idade. No caso do terceirizado, que não consegue contribuir por 12 meses e, sim, por sete meses, será preciso 64 anos para poder contribuir 35 anos.

Esse trabalhador teria que se aposentar com 80 anos de idade para cumprir o tempo de contribuição. Mas, segundo o Ipea, a pessoa opta por se aposentar por idade, o que ajudaria a aumentar o déficit da Previdência.

Precarização

Segundo a pesquisa, a terceirização vem fortalecendo o giro dos trabalhadores pelas empresas. Em 2010, por exemplo, a taxa de rotatividade dos empregados terceirizados em São Paulo foi 76,2%, maior que a dos ocupados não terceirizados.

De 2004 a 2010, a taxa de rotatividade dos trabalhadores não terceirizados passou de 32,9% para 36,1%, enquanto a dos empregados terceirizados passou de 60,4% para 63,6%.

Ainda de acordo com o estudo, 5,3% dos empregados formalmente terceirizados perdem seu posto de trabalho no Estado de São Paulo a cada mês. No Brasil, a taxa de demissão mensal dos empregados terceirizados chega a 4,1%.

Fonte: Site Unicidade Sindical