Morre, aos 94 anos, Neiva Moreira; um dos fundadores do PDT

Morreu na madrugada desta quinta-feira (10), aos 94 anos, o jornalista e militante político José Guimarães Neiva Moreira. Ex-presidente do PDT, Neiva Moreira estava internado desde 31 de março por causa de uma infecção respiratória. Nascido em 1917 em Nova Iorque-MA, Neiva Moreira foi preso durante a ditadura militar e obrigado a ir para o exílio. Foi um dos fundadores do PDT — partido pelo qual se elegeu deputado federal de 1993 a 1994 e de 1997 a 2007.

Neiva Moreira, fundador do PDT ao lado de Brizola, morre, aos 94 anos, no Maranhão/ Foto: Divulgação

A presidente Dilma Rousseff divulgou uma nota de pesar pela morte de Neiva Moreira. “A política brasileira perdeu hoje um de seus mais expressivos líderes. Neiva Moreira, fundador do PDT junto com Leonel Brizola, lançou raízes do trabalhismo no Brasil e em vários outros países latino-americanos. Como estudioso, ativista e escritor, sempre esteve ao lado dos povos oprimidos da região”.

A presidente ressalta ainda que Neiva “viveu intensamente a luta pelas liberdades no Brasil, e após retornar do exílio, ampliou sua trajetória política a partir do seu amado Maranhão”. E conclui: “em nome de todas as brasileiras e de todos os brasileiros, cumprimento familiares e amigos, neste momento de dor. Particularmente, guardarei sempre comigo as boas lembranças de minha convivência com Neiva Moreira”.

Em entrevista ao Vermelho, o jornalista, escritor e diretor-tesoureiro do Projeto Cultural Diálogos do Sul, Paulo Cannabrava Filho, que conviveu com Neiva durante o tempo em que estiveram exilados, destacou a carreira política do militante: “quando ele foi cassado em 1964, já estava no terceiro mandato como deputado federal”. Sublinhou ainda que o maranhense esteve ao lado de João Goulart (Jango) e de Leonel Brizola na luta pelas causas nacionais.

Enquanto jornalista sabia que não era possível uma “nova ordem econômica sem uma nova ordem na comunicação. Das nossas conversas durante a Conferência de Argel [em 1973], nasceu a ideia de criar a revista Cadernos do Terceiro Mundo”. A publicação, lançada em 1974 em Buenos Aires, foi editada em três idiomas – espanhol, português e inglês. Tinha leitores e assinantes em 70 países e deixou de circular em 2005, por falta de recursos para mantê-la.

“É sem dúvida uma grande perda para o jornalismo, para a política. (…) por onde passou continuou lutando, articulando os brasileiros no exílio. (…) Era um lutador. Nunca deixou de perseguir seu sonho. Nunca deixou de acreditar que o socialismo era a solução para o país".

PCdoB Maranhão

Em nota, o Comitê Estadual do PCdoB no Maranhão também lamentou a morte de Neiva Moreira. O texto enfatiza que o ex-deputado deixa um imenso legado na luta pela democracia, a paz, a liberdade e a justiça.

O texto recorda ainda que em 2007 o PCdoB homenageou Neiva Moreira com a entrega do Prêmio José Augusto Mochel — em reconhecimento à contribuição dada por ele a democracia e à luta por justiça e igualdade.

“Reafirmamos nossa homenagem eterna neste momento de dor, mas também de reverência a este homem que marcou sua presença entre nós com muita combatividade e destemor nas lutas do povo maranhense e brasileiro”, encerra a nota.

Da Redação do Vermelho,
Mariana Viel e Vanessa Silva