José Dirceu: Birra e pequenez da TV Globo de São Paulo

As inserções fazem parte do direito que o partido – como os demais – tem de apresentá-las antes do horário eleitoral gratuito, que só começa em agosto. O PT já tinha gravações do candidato a prefeito este ano, ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, com o presidente nacional, deputado Rui Falcão e com a presidenta Dilma.

Mas, a Globo não as apresentou com o pretexto pífio, comunicado em nota, de que precisava seguir "determinação da Justiça Eleitoral para que os partidos entreguem a documentação dos programas partidários com o prazo de 15 dias de antecedência à sua exibição".

Como encaminhar 15 dias antes, se decisão foi tomada há seis dias?

No comunicado a emissora informa, ainda, que o pedido do PT para a colocação das inserções no ar foi feito com seis dias de antecedência. Acontece que o atraso decorre do fato de que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a respeito dessas inserções, conforme explicou o PT à TV, foi tomada só seis dias antes da data programada para o início da exibição.

Logo não havia como o partido cumprir a norma da entrega 15 dias antes estabelecida pela Justiça Eleitoral. No fundo, faltou mesmo um mínimo de boa vontade da emissora, porque eu tenho conhecimento – e muitos sabem disso – que os partidos, às vezes, só conseguem entregar o material para essas inserções horas antes de as emissoras colocá-las no ar. E ainda assim, elas são veiculadas.

Onde não houve má vontade, nos outros canais, todos aceitaram o óbvio e veicularam o material a partir de ontem. Com este veto a Globo censura a propaganda partidária estadual do PT, sem nenhuma razão a não ser a aversão e a oposição disfarçada ao nosso partido, e ao ex-presidente Lula. É ressentimento e mágoa puros pelo êxito de nossos governos.

Pressão sobre a TV Band

Mas, vejam, na seara televisiva há problemas de censura – melhor seria dizer, autocensura – não apenas na Globo. A TV Band também põe suas manguinhas de fora, segundo denunciou no ar o apresentador José Luiz Datena.

Datena ameaçou "pegar o boné" e ir embora da emissora por estar, segundo afirmou, sofrendo pressões para "suavizar" e comentar menos o mais recente escândalo que eclodiu na administração do prefeito paulistano Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB, agora PSD).

O escândalo decorre da denúncia de que Hussain Aref Saab, quando chefiava o APROV, setor de aprovação de edificações na Secretaria Municipal de Habitação, adquiriu 106 apartamentos e outros imóveis, vários deles de alto luxo e preço, constituindo um patrimônio incompatível com sua renda.

Hussain Aref Saab foi nomeado por José Serra quando este foi prefeito por um ano e quatro meses (janeiro de 2005-abril de 2006), antes de renunciar e abandonar o cargo deixando-o para seu vice Gilberto Kassab. José negou ter nomeado Hussain. A Folha de S.Paulo prova que ele o nomeou por portaria publicada no Diário Oficial do Município de 7 de janeiro de 2005.
Fonte: Blog do José Dirceu