Para Jô instalação da comissão da Verdade é momento especial

 

“Sou daquela geração dos que foram presos, dos que perderam seus companheiros. E, exatamente por partilhar desse processo, me senti completamente homenageada” Jô Moraes – deputada federal

Em discurso da tribuna da Câmara nesta tarde (16) a deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) qualificou de “momento especial” a solenidade de instalação da Comissão da Verdade, ocorrida pela manhã no Palácio do Planalto e presidida pela presidente Dilma Rousseff.

Na cerimônia a presidente se emocionou ao falar do sentimento dos familiares e amigos dos mortos e desaparecidos políticos e justificou o propósito da iniciativa: “Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio, ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu. Mas nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la em sua plenitude, sem ocultamento, sem camuflagem, vetos, sem proibições”, disse.

Para Dilma Rousseff “sobretudo merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes, e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia. É como se disséssemos que se existem filhos sem pai, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos. Nunca, nunca mesmo pode existir uma história sem voz. E quem dá voz a história são homens e mulheres livres que não têm medo de escrevê-la."

Discurso

Ao remontar à cerimônia à qual compareceu, Jô Moraes, que também foi vítima da ditadura militar, sendo obrigada a viver durante anos na clandestinidade para não ser presa, destacou a presença de quatro ex-presidentes na solenidade: José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Aqui, a íntegra do pronunciamento da deputada federal Jô Moraes:

Senhor presidente, os parlamentares que hoje pela manhã compareceram à solenidade de instalação da Comissão da Verdade tiveram oportunidade de vivenciar um momento especial do nosso País. Um momento em que estavam presentes quatro ex-Presidentes da República e em que houve a instalação de um compromisso com a verdade, independentemente das circunstâncias que daqui para frente podem se dar e das exigências históricas que podem se dar.

Sou daquela geração dos que foram presos, dos que perderam seus companheiros. E, exatamente por partilhar desse processo, me senti completamente homenageada. E, neste momento, homenageio aqueles que deram a sua própria vida para que o Brasil vivenciasse o seu encontro com a verdade.”