União Europeia já planeja euro sem a Grécia

A Comissão Europeia e o BCE (Banco Central Europeu) começam a se preparar para a cada vez mais provável possibilidade de saída da Grécia da Zona do Euro. A afirmação foi feita pelo comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht, em uma entrevista ao jornal belga De Standaard.

"Há um ano e meio havia perigo de um efeito dominó, mas hoje há, tanto no seio do BCE como da Comissão Europeia, serviços que estudam cenários de emergência caso a Grécia não siga adiante", disse o belga. De Gucth afirmou que um abandono da Grécia causaria uma "confusão enorme" na região, mas disse também que agora o bloco está mais preparado para esse cenário.

Publicamente, no entanto, o órgão executivo da União Europeia negou "firmemente estar trabalhando em um cenário de saída da Grécia", segundo publicou o porta-voz do órgão, Olivier Bailly, em sua conta no twitter. O porta-voz disse que a opinião do presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso continua sendo a de que os gregos permaneçam no euro.

Na entrevista ao diário belga, Gucht ressaltou, em todo caso, que uma saída grega da moeda única só aumentaria os problemas do país e da eurozona e opinou que o cumprimento dos atuais compromissos por parte de Atenas é a "única opção razoável".

Segundo o comissário, romper com o euro representaria para a Grécia a impossibilidade de financiar-se. "Atualmente, ainda podem fazer isso, com muitos problemas, através do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da Europa. Mas ninguém mais lhes emprestará um centavo", comentou.

Cenário indefinido

Após um impasse de mais de uma semana sobre a formação de um novo governo, a Grécia terá novas eleições em 17 de junho para decidir se segue ou não aplicando as políticas de austeridade fiscal exigidas pela UE em troca de ajuda financeira, com o objetivo de estabilizar a dívida pública do país. As medidas incluem cortes generalizados de gastos públicos, redução de salários e aposentadorias e aumento de impostos, o que vem mergulhando ainda mais a economia grega em uma forte recessão, com aumento do desemprego e da pobreza.

O pleito será na prática um plebiscito sobre a permanência ou não do país no euro, já que, fora as legendas tradicionais – Pasok e ND, que foram derrotadas nas eleições de 6 de maio – todos os demais partidos são contra o acordo firmado com a chamada Troika (UE, BCE e FMI). Essas legendas, dentre as quais se destaca a frente de esquerda Syriza, consideram que o plano da UE é injusto com a população grega e veem a volta de dracma desvalorizado como a única forma de reduzir a dívida, sem penalizar os trabalhadores.

As principais lideranças do bloco econômico, capitaneadas pela chanceler alemã Angela Merkel, já anunciaram que não pretendem renegociar o acordo com a Grécia, e que caso o país descumpra o plano, será obrigado deixar a zona do euro.

Fonte: Opera Mundi