Vanessa: até agora Perillo é o governador envolvido com Cachoeira

Em um dia intenso de trabalho e discussões, a CPI Cachoeira/Demóstenes aprovou nesta quinta-feira a convocação de 51 pessoas para prestar depoimento. Além disso, quebrou mais de 40 sigilos bancários de pessoas e empresas suspeitas de servirem de laranja na suposta organização comandada por Carlinhos Cachoeira e que contou com a participação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).

Vanessa

Entre os sigilos fiscais que foram quebrados, constam as filiais da empreiteira Delta nos estados da Região Centro-Oeste. Entre as pessoas convocadas estão familiares de Cachoeira, como Andréa Aprígio (ex-mulher), Adriano Aprígio (ex-cunhado), Sebastião de Almeida Ramos (pai), Marcos Antonio de Almeida Ramos (irmão).

Outro parente de Cachoeira convocado foi o seu sobrinho Leonardo Ramos, que teria comprado uma casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). A comissão optou por deixar de fora por enquanto a convocação de próprio governador goiano, que em centenas de gravações é apontado como participante do esquema criminoso. Ligações flagraram Carlinhos Cachoeira nomeando vários cargos no governo, além de ter membros do Executivo acusados de receber dinheiro da quadrilha dentro da sede do poder estadual.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), integrante da CPI mista, considera que não se deve atropelar o plano de trabalho da comissão. “Primeiramente, é necessário investigar um conjunto de elementos que estão catalogados, documentos e gravações, um arquivo enorme. Nem a metade desse material foi analisada”, explica Vanessa.

Governadores

Para a parlamentar, a CPMI precisa ter pleno domínio dessas informações e acumular elementos de convicção sobre o que está sendo investigado. Grazziotin criticou o esforço que faz a oposição ao governo Dilma e a setores da mídia de querer igualar os problemas que envolvem três governadores, Marconi Perillo (PSDB-GO), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Agnelo Queiroz (PT-DF).

“Não tem como igualar a atuação dos três, não há elementos suficientes que o comprovem. O verdadeiro implicado até agora é o Perillo, pois as gravações feitas pela Polícia Federal indicam favorecimento em licitações ao grupo de Cachoeira”, destacou Vanessa.

A senadora lembra que Carlinhos Cachoeira inclusive indicou várias pessoas para o governo de Goiás. Quanto ao governador Agnelo Queiróz, a parlamentar diz que “o que existe até agora são indícios de envolvimento no esquema apenas de um ex-assessor dele, o Cláudio Monteiro”. Monteiro era chefe de gabinete de Agnelo e foi afastado desde o início das revelações das gravações feitas pela Polícia Federal. Depois da análise do restante de material em posse da comissão e alguns depoimentos, Vanessa defende que a CPI deve examinar a questão de convocar ou não os governadores.

Na reunião da comissão, também foram quebrados os sigilos fiscal, bancário e telefônico de pessoas físicas e jurídicas envolvidas com a quadrilha liderada pelo contraventor. Entre eles estão Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e Claudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções para a região Centro-Oeste. Segundo o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), todas as quebras são necessárias para dar subsídios à continuidade dos trabalhos da comissão.

De São Paulo,
Kerison Lopes