Brasil não pode admitir retrocesso na Rio+20, dizem parlamentares

O Brasil não pode admitir retrocessos nas discussões relativas ao meio ambiente e deve assumir uma posição de vanguarda na Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá de 13 a 22 deste mês, no Rio de Janeiro. A opinião foi expressa por deputados e senadores, nesta segunda-feira (4), em sessão solene do Congresso que comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho).

Na avaliação dos parlamentares, de uma forma geral os países falharam no cumprimento das metas estabelecidas 20 anos atrás, durante a Eco 92, também realizada no Rio. Por isso, agora, governos e sociedade civil devem se engajar para garantir um futuro sustentável para o planeta.

Neste ano, o Brasil foi escolhido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) para sediar as celebrações globais da data, a uma semana do início da Rio+20. O tema em 2012 é “Economia Verde: ela te inclui?”

A sessão solene foi realizada por sugestão do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e do deputado Sarney Filho (PV-MA). Rollemberg, que presidiu a sessão, defendeu a definição e busca de metas claras e ousadas.

Metas claras e ousadas

Ele destacou que “os olhos se voltam para o Brasil porque o nosso país tem assumido um protagonismo cada vez maior no cenário internacional como um país que nos últimos anos conseguiu aliar crescimento econômico, redução da pobreza, redução das desigualdades sociais, redução do desmatamento, num ambiente de democracia. E isso não é pouca coisa”.

E, a exemplo de outros oradores, disse ainda que “a Rio+20 deve ter a capacidade de, com muita honestidade, com muita sinceridade, com muita franqueza, reconhecer que falhamos no processo de implementação da Rio 92. Falhamos, e o mundo corre o risco de um colapso de graves consequências, se não tomarmos providências urgentes, se não reformularmos os nossos padrões de produção e de consumo”.

Para os parlamentares, o maior desafio a ser enfrentado na Rio+20 é definir metas claras e ousadas de implementação das decisões da Rio 92, metas como a redução do uso da água na
agricultura, a retirada dos subsídios dados à agricultura pelos países mais ricos, a duplicação da utilização de energias renováveis na matriz energética mundial, a garantia de que qualquer ser humano, em qualquer lugar do planeta, tenha acesso à água e ao saneamento básico como um direito humano fundamental.

Desejo de lucro

Já o deputado Luiz Couto (PT-PB) disse que o ser humano deve cuidar da natureza para não ser destruído juntamente com ela. O parlamentar citou Dom Hélder Câmara, afirmando que a ação sem meditação é ativismo; e a meditação sem ação é conversa fiada. Então, nós temos que juntar as duas coisas.

E acrescentou, ainda usando palavras de Dom Helder: “Estamos na Terra, mas vivemos de empréstimo. Estamos emprestados a essa Terra, e essa é a nossa força, para cuidarmos dela e não deixarmos que ela seja destruída, seja degradada”.

“E eu diria o seguinte: que o mundo se tornou perigoso, primeiro, porque os seres humanos aprenderam a dominar a natureza, não para respeitá-la, não para amá-la, mas para destruí-la, para degradá-la, e é preciso pensar em dominar a nós mesmos para poder preservá-la. O ser humano, muitas vezes, está imbuído do desejo do lucro, da dominação, e esquece de que nós estamos neste mundo emprestado e devemos cuidar para que esse mundo seja o mundo onde as pessoas possam viver sem degradá-lo, mas preservando a natureza”.

De Brasília,
Márcia Xavier
Com Agência Câmara