Nova caderneta de poupança já captou 2,44 bilhões

As cadernetas de poupança já captaram R$ 2,44 bilhões desde o início das novas regras de remuneração para essa modalidade de investimento, anunciadas no dia 3 de maio e que começaram a valer no dia seguinte.

Esse volume de captação líquida (aplicações menos resgates efetuados) foi registrado entre o dia 4 e 30 de maio, segundo dados do Banco Central.

Na avaliação de especialistas, esse movimento ocorre porque mesmo com a queda da rentabilidade com a nova regra, o ganho obtido na poupança segue superior ao de outras opções de renda fixa. Agrega-se a isso o fato da caderneta ser de fácil compreensão e permitir depósitos de pequenas quantias, diferente de alguns fundos, em que o administrador estabelece um valor mínimo para cada aporte.

Os depósitos feitos na caderneta a partir do dia 4 são remunerados de acordo com o juro básico da economia. Quando a Selic está em 8,5% ao ano ou abaixo desse patamar, a remuneração será de 70% dessa taxa mais a TR. Para juros básicos acima de 8,5%, vale a regra antiga, ou seja, 6% ao ano mais TR.

Curiosamente, a maior captação do mês ocorreu no primeiro dia das novas regras, quando chegou a R$ 1,221 bilhão. Em maio do ano passado, a captação líquida da poupança ficou negativa em R$ 1,301 bilhão e em abril de 2012, positiva em R$ 1,779 bilhão.

A série disponibilizada pelo BC vai até o dia 30 de maio e por essa razão não contempla as aplicações da poupança feitas no primeiro dia da Selic a 8,5%, a mais baixa da história e também o nível necessário para que a nova regra seja deflagrada.

O dado consolidado de maio deve ser conhecido hoje e o volume da captação tende a ser maior que a parcial, uma vez que é no último dia útil do mês que as empresas iniciam o pagamento dos salários a seus funcionários e parte desses recursos fica depositada em poupança. Em maio, até dia 30, foram R$ 4,250 bilhões, 138% superior ao captado em abril.

Na avaliação do professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), César Caselani, é natural que a captação da poupança se mantenha positiva mesmo com a nova metodologia de cálculo. "Em termos relativos, continua sendo uma aplicação atrativa", diz.

Caselani lembra que com a redução da taxa Selic, outras alternativas em renda fixa também estão com rendimento menor.

Os recursos da caderneta são a principal fonte para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

Em geral, os bancos são obrigados a destinar 65% dessas aplicações para o crédito imobiliário – outros 30% são recolhidos em forma de compulsório ao BC e apenas 5% podem ser aplicados livremente pelas instituições financeiras. O estoque da caderneta é R$ 439,71 bilhões.

Apesar de ser dependente da poupança, Caselani não vê risco da regra de rendimento causar instabilidade no mercado de crédito imobiliário, uma vez que há um teto para essa variação – no máximo, o custo de captação para os bancos será de 6% mais TR.

Segundo a Caixa Econômica Federal, banco com a maior participação na captação de recursos para a poupança, mesmo com a queda na Selic, a rentabilidade das cadernetas segue acima dos fundos de renda fixa DI com taxa de administração acima de 1% e aplicação de até 12 meses e CDBs que pagam menos que 91% do CDI pelo prazo de seis meses.

Com uma Selic de 8,5%, a remuneração da poupança será de 5,95% em um ano, o que é equivalente a 71% do CDI. No entanto, a caderneta é isenta de imposto de renda.

O gerente geral do Instituto Nacional de Investidores, Mauro Calil, lembra ainda que esse aplicador tem um perfil diferenciado. "Ele aplica na poupança se sobra dinheiro e, se falta, ele saca. Não é um investidor super organizado", avalia.

Fábio Colombo, administrador de investimentos, também concorda que, apesar das alterações nas regras de remuneração, a poupança segue como melhor alternativa para quem tem poucos recursos e não conseguirá barganhar as taxas de administração de fundos.

No entanto, Colombo lembra que na poupança é preciso esperar a data de aniversário da aplicação para não perder o rendimento. Isso já não acontece com os fundos.

Para garantir um retorno maior, Colombo lembra que o ideal seria buscar carteiras de renda fixa que apliquem em títulos de crédito privado. "Uma debênture ou um CDB estão pagando mais porque têm risco maior", diz.

Fonte: Brasil Econômico