Convenção tucana: Serra faz autoelogios e ataca PT

O PSDB, que em aliança com o prefeito Gilberto Kassab representa o campo da direita conservadora e neoliberal na eleição paulistana, oficializou neste domingo (24) a candidatura do ex-prefeito e ex-governador José Serra à Prefeitura de São Paulo.

Como se sabe, Serra fez péssima gestão, tanto na Prefeitura como no governo estadual, e foi derrotado duas vezes em suas pretensões de chegar à Presidência da República. Também Gilberto Kassab, seu discípulo, faz gestão reprovada pela opinião pública.

O evento dos neoliberais tucanos foi marcado por fortes ataques às gestões do PT e pela exaltação à administração municipal do PSDB (2005 e 2006) e do prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Com a palavra, agora, a ex-prefeita Marta Suplicy. Continuará em cima do muro ou apoiará Haddad? – perguntam os tucanos.

Em seu discurso, Serra homenageou a ex-primeira-dama Ruth Cardoso, que morreu há exatos quatro anos, apesar da ausência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi convidado, mas não compareceu. Será que FHC não foi à convenção tucana pois já sabe no que dará a candidatura do Serra – mais um revés?

Rodeado por caciques tucanos, Serra discursou por cerca de 40 minutos, boa parte deles dedicados a listar os feitos da gestão municipal iniciada por ele em 2005, e as realizações do governo do estado, o qual comandou por dois anos.

Ataques ao PT

Durante boa parte de sua fala, o tucano fez questão de exaltar seu currículo "experiente", em uma referência explícita ao adversário do PT, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad.
"Nessa campanha vocês vão ouvir nossos adversários falando mal da cidade, gente que sequer a conhecem, hein? Que fizeram pouco por São Paulo", questionou. "São Paulo merece um prefeito independente, com experiência, peso político e conhecimento das coisas", disse.

Serra fez críticas à gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Educação. "O Ministério da Educação prometeu mais de 6 mil creches no país, mas dessas 6 mil e tantas, criou apenas 221 em todo o Brasil, e nenhuma em São Paulo. (…) E é esse pessoal que vem reclamar de falta de creches em São Paulo", esbravejou.

Também não faltaram críticas à gestão da ex-prefeita e senadora Marta Suplicy, do PT, que comandou a cidade antes da eleição de Serra, entre 2000 e 2004. "Quando entramos na prefeitura em janeiro de 2005, sabem quanto havia em caixa? R$ 16 mil. (…) As obras e serviços paralisados. Nós trabalhamos muito para recuperar a cidade", disse, exaltado.

Por fim, Serra concluiu lembrando das "batalhas" em que foi fragorosamente derrotado, mas ressaltando seu otimismo em relação a esta campanha, considerada por muitos no PSDB fundamental para a manutenção do poder do ex-governador no partido.

"Eu não venci todas as batalhas, mas eu lutei em cada uma como se fosse a última. Cada batalha eu travei como se fosse a última. sempre com a energia que eu estou hoje", disse, concluindo seu discurso.

Escalado pela direita

Coube ao senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, fazer o discurso encomendado pela direita e pelo PUG. “Não há dúvida de que essa é uma eleição de repercussão nacional, não pelo sentido estreito de disputa entre partidos, mas porque seu resultado poderá significar muito para a saúde das instituições democráticas. Trata-se de barrar, aqui em São Paulo, o apetite avassalador do PT, que não respeita nenhuma barreira”, afirmou

Nunes ainda fez menção ao “mensalão” e associou-se à calúnia de Gilmar Mendes e da mídia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Medes sobre o julgamento do caso.

“[O PT] não hesita em macular o Congresso Nacional com o mensalão, não titubeia em tentar intimidar os ministros do Supremo, [o PT] se utiliza de uma CPI para perseguir adversários políticos, contrata criminosos aloprados para produzir dossiês difamantes contra oposicionistas e não hesita em ameaçar constantemente a liberdade de imprensa”, afirmou o iracundo senador.

Indefinição com o vice

A indefinição agora fica por conta do nome do vice do candidato do PSDB. Apoiado pelo DEM, PV e PSD, o partido tem algumas opções, mas não descarta a composição de uma chapa pura, com o ex-secretário de Cultura Andrea Matarazzo, acusado de promover uma política “higienista” contra os mendigos do centro da cidade durante a gestão Serra-Kassab.

Fora do ninho tucano, um dos principais nomes para ocupar a vaga é o de Alexandre Schneider, do PSD, partido do prefeito Gilberto Kassab. Schneider é ex-secretário de Educação de São Paulo. Quem também pode ficar com o cargo é Rodrigo Garcia, do direitista DEM. Rodrigo deixou a secretaria de Desenvolvimento Social, mas afirmou que o apoio à candidatura do tucano é "incondicional" e independe da nomeação para vice.

Por último, há ainda Eduardo Jorge, do PV, que precisa se explicar em relação às acusações de ter recebido polpuda propina na condição de secretário da administração Serra-Kassab. A definição da chapa deverá ocorrer até o fim desta semana.

Com agências