Europa: o pior da crise está por vir?

Como se o elevado desemprego não fosse suficiente, na Europa também se destacam as diferenças salariais e outras especificidades que intensificam as desigualdades trabalhistas entre os países.

Pobreza na europa

Segundo o Eurostat (Escritório Comunitário de Estatísticas), o salário mínimo, em algumas nações, passa dos mil euros (2.600 reais), enquanto em outras é cinco vezes menos, ficando por volta dos 200 euros (520 reais). É mais alto em Luxemburgo, onde a taxa de desemprego é de 5% e o salário mínimo bate o recorde europeu de 1.800 euros (4.680 euros). Em seguida vêm Irlanda, Holanda, Bélgica e França. Na Espanha é de 748 euros (1.900 reais), enquanto a Bulgária amarga a última posição, com apenas 138 euros (360 reais). E há o risco de redução do salário mínimo na Grécia (onde o valor é de 680 euros, ou 1768 reais) e também na Espanha. Na Alemanha não há salário mínimo nacional mas a renda média dos trabalhadores é alta: foi de 42 mil euros ao ano em 2010, ou 109 mil reais na cotação de hoje, 25 de junho).

Na outra ponta, a chanceler alemã Ângela Merkel, defensora radical e intransigente da “austeridade fiscal” e dos cortes salariais, encabeça a lista dos dirigentes governamentais mais bem pagos na UE. Em maio, após um aumento salarial, ela passou a receber 17 mil euros mensais (44 mil reais). Na França, o presidente François Hollande, ao tomar posse, decretou um corte de 30% em seu salário e nos de seus ministros, agindo de forma oposta ao antecessor, Nicolas Sarkozy, que havia subido estes rendimentos em 170 por cento.

A Eurozona, formada pelos 17 países vinculados à moeda única, sofre o mais alto desemprego de sua história: 11% em abril, representando um aumento de 1,1% em relação ao mesmo mês em 2011. Isto significa que 17,4 milhões de pessoas estão sem trabalho; no conjunto da União Europeia, são 24,6 milhões, e a taxa está aumentando, arrastada pela situação na Espanha, onde o desemprego é o dobro da média europeia e atinge 24,3%.

Por outro lado, um estudo da auditora Ernst & Young mostra que a brecha econômica entre os países do norte e do sul do continente mantém a tendência de crescimento nos próximos anos. As 20 zonas de maior dificuldade localizam-se na Romênia, Polônia, Hungria e Bulgária. Entre as de melhor situação encontram-se regiões da Alemanha, Holanda, Dinamarca e Reino Unido.

Uma pesquisa feita pela Comissão Europeia (CE) mostrou também que 75% dos europeus considera que a pobreza aumentou, fazendo com que muitos tenham dificuldades para pagar as contas do dia a dia. Esta percepção se agrava em países como Grécia ou a Espanha, onde cerca de 85% da população observou um agravamento da miséria e 16% dos entrevistados diz que o dinheiro mal dá para chegar ao final do mês. A Grécia, por sua vez, é uma das nações onde mais cidadãos falam de um forte incremento da pobreza, seguida pela Romênia, Portugal e Espanha.

No entanto, os temores pela intensificação desse mal também se exacerbam em outros países onde as medidas de ajuste orçamental são menos visíveis. Tanto é assim, que em algumas das grandes potências da UE, como Alemanha ou França, a percepção do problema supera a média europeia e muitos opinam que o pior da crise ainda está por vir.

Com informações da Prensa Latina