Brasileiros da fronteira se mobilizam em solidariedade a Lugo

Na última sexta-feira (22), estudantes da Unila, em Foz do Iguaçu (PR), junto a outros setores da cidade que faz fronteira com o Paraguai, realizaram um ato na Ponte da Amizade. A manifestação foi pacífica e declarou apoio ao presidente Fernando Lugo.

Os paraguaios, em sua maioria, estão indignados com o que acusam ser um "golpe, praticado por corruptos que querem voltar ao poder à todo custo", declarou uma manifestante que se manteve em vigília junto à centenas de pessoas que chegavam de todas as partes do país, na madrugada desta sexta-feira.

Na sexta, o presidente eleito democraticamente em eleições diretas, Fernando Lugo, foi impeachmado pelo Congresso do país.

Essa situação já vem se manifestando desde 2009, mas foi durante a semana do dia 18 que os adversários políticos de Lugo decidiram pelo impeachment. Em entrevista, Lugo afirmou que enfrentará o “julgamento político com toda as suas consequências”.

Asuncion

De acordo com informações de um dos manifestantes em Asuncion, Guillermo Paciello Scappini, há aproximadamente 50 mil pessoas em vigília permanente em frente ao Congresso Nacional. “Decidimos não ao golpe parlamentar e estamos aqui em mais de 50 mil pessoas de várias partes do país”, disse ele na sexta, horas antes da decisão do Congresso.

Para os líderes, que discursaram durante toda noite de sexta, as acusações são rasas, puramente políticas e têm como pano de fundo as mudanças que o presidente está conduzindo, sobretudo no que diz respeito à distribuição da terra.

Frente Iguazu

O movimento Frente Iguazu, que congrega mais de vinte organizações sociais que foram decisivas na vitória do presidente em 2008, está mobilizando em todo país caravanas de trabalhadores que chegam a todo momento a Assunção.

Na capital, o clima é de tensão. A multidão aumenta a cada hora, e aos poucos preenche a Plaza de Armas, na frente do congresso, cercada por uma muralha de quatro mil policiais. Nas rádios do país, o apelo é para que a população se mantenha em suas casas.

O clima entre os populares e alguns meios de comunicação é hostil. A maioria não acredita nos grandes meios de comunicação e dessa forma, o apelo das rádios, surte, em certa medida, efeito contrário. Para amedrontar e alarmar a população, os meios sentenciam a renúncia do presidente, para evitar o que eles estão chamando de "risco de derramamento de sangue".

Golpe no Paraguai

Há duas décadas sem ditadura e apenas três anos livre das forças que governaram o país por ininterruptos sessenta e cinco anos, o Paraguai e sua jovem democracia volta a sofrer amaça de um golpe autoritário.

Apesar do escasso apoio político no congresso é nos movimentos populares que se encontra a principal força sustentadora do presidente Lugo.

Fonte: da redação, com colaboração de Rafael Gomes, da Unila