Identificados restos de quatro pessoas na ditadura argentina

Uma equipe multidisciplinar, encabeçada pelo juiz Horacio Cattani conseguiu a identificação de quatro jovens desaparecidos na década de 70, pela ditadura militar argentina. A formalização deste processo foi realizada pela Câmara Federal de Apelações no Criminal e no Correcional da Capital Federal, que identificou estas pessoas e cujos corpos tinham sido sepultados como NN. Os restos identificados foram entregues as suas famílias, informou o Centro de Informação do Poder Judiciário.

 A primeira identificação corresponde a Carlos López, um cidadão de 28 anos de idade, nascido na localidade de Entre Ríos, que foi sequestrado no dia 2 de abril de 1977 em seu domicílio, em Berazategui, Província de Buenos Aires. Trabalhava em um curtume do bairro de Barracas, e era delegado sindical. Algumas testemunhas afirmaram ter visto López no centro clandestino de detenção conhecido como “El Banco”, na cidade de La Matanza.

Os laudos permitiram estabelecer que seu corpo foi encontrado sem vida, junto aos de outras sete pessoas, no dia 22 de abril de 1977, na intersecção das ruas Yerbal e 14 de Julio, na localidade de Temperley. Todos eles foram exumados do Cemitério Municipal de Lomas de Zamora. As certidões de óbito expedidas naquele momento afirmavam que as mortes foram produzidas por ferimentos de bala.

A segunda identificação corresponde a Ana Teresa Diego, sequestrada no dia 30 de setembro de 1976, na Cidade de La Plata. Seus restos foram exumados de uma fossa comum do Cemitério Municipal de Avellaneda. No momento de seu sequestro, tinha 22 anos de idade e era estudante de Astronomia na Universidade Nacional de La Plata. Ana foi vista em dois centros clandestinos de detenção da Província de Buenos Aires: “Pozo de Arana” e “Brigada de Quilmes”. Ana Teresa Diego foi homenageada recentemente, no dia 10 de dezembro de 2011, quando a União Astronômica Internacional pôs o nome de “Anadiego” em um asteroide, em homenagem a sua memória.

Em terceiro lugar foi identificada Josefina Elvira Thompson, de 31 anos de idade, sequestrada no dia 4 de junho de 1977 em Sáenz Peña, cidade de Tres de Febrero, Província de Buenos Aires. Segundo o registro, o corpo de Josefina foi encontrado, junto à outra pessoa sem vida, no dia 17 de julho de 1977 na intersecção das ruas Los Paraísos e Los Plátanos, na localidade de Temperley. Investigações anteriores revelaram que o corpo encontrado junto ao de Josefina Elvira correspondia ao de Omar Mario Miguez. Seus restos foram recuperados do Cemitério Municipal de Lomas de Zamora e a causa de sua morte, conforme surge do atestado de óbito, foi “hemorragia aguda por ferimento de bala”.

Marta Edith Veiga também foi identificada. Desapareceu em La Plata no dia 16 de dezembro de 1976. Foi vista na Brigada de Investigações de La Plata, centro clandestino de detenção dessa cidade. Seus restos foram exumados do Cemitério Municipal de Rafael Calzada, Província de Buenos Aires. No dia 5 de abril de 1977, seu corpo foi encontrado na localidade de Adrogué, junto com outra pessoa sem vida, de sexo masculino, que acabou sendoidentificado como Mario Miguel Mercader. No momento do sequestro, tinha 23 anos de idade e era estudante de Arquitetura na Universidade Nacional de La Plata.

Os restos ósseos destas quatro pessoas foram recuperados pela Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF). Os estudos genéticos realizados pelos laboratórios “The Bode Technology Group Inc.” (EUA) e L.I.D.M.OU., de Córdoba, Argentina, complementaram as pesquisas antropológicas e foram decisivas para efetuar as referidas identificações.

Completado o processo de identificação, o Tribunal dispôs a coleta de testemunhos em todos os casos, para sua remissão ao Juizado Federal n° 3 da Capital Federal, onde tramita a causa n° 14.216/03 “Suárez Mason, Carlos G. e outros s/homicídio…”, vinculado ao Primeiro Corpo de Exército da cidade de Buenos Aires.

Fonte: Carta Maior