Renato Archer é o grande homenageado da 64ª Reunião da SBPC
O maranhense Renato Archer foi o grande homenageado na abertura da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nesta segunda-feira (23), na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luis. Archer foi o primeiro ministro da Ciência e Tecnologia do país, durante o governo João Goulart, e deu importante contribuição ao setor. Nesta terça (24), uma atividade sobre seu legado será promovida pela Fundação Maurício Grabois,que faz parte da programação da reunião.
Publicado 23/07/2012 19:39
Cartaz do 64º Reunião Anual da SBPC / divulgação
O debate acontecerá às 15h, no auditório do Conepex, Campus do Bacanga, da UFMA, cuja mesa será composta pelo físico Rex Nazaré, ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM), o jornalista Alvaro Rocha Filho, organizador de livro sobre a trajetória de Renato Archer, do físico Antonio José Silva Oliveira, o vice-reitor da UFMA, Antonio Oliveira, e José Raimundo Braga Coelho, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). Tanto Nazaré quanto Rocha Filho trabalharam diretamente com o ex-ministro da Ciência e Tecnologia.
Quem coordenará o debate será o jornalista Fábio Palácio, diretor da Fundação Maurício Grabois, "Trata-se de um importante resgate sobre a atuação de Archer e sua contribuição para o progresso da ciência. Além de tudo, formou uma geração importante de políticos como Celso Amorim", destacou Palácio.
Durante a solenidade de abertura, o vice-reitor da UFMA destacou que Archer lutou pela inclusão da ciência e tecnologia no campo político como primeiro ministro de Estado na área e também na diplomacia. Para consolidar o reconhecimento ao cientista, foi entregue a Júlio Archer, irmão de Renato, uma placa com menções honrosas.
Archer foi capitão de fragata da Marinha Brasileira e foi integrante da junta de governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), atuando nas decisões internacionais sobre o uso da energia nuclear. O político maranhense foi ainda subsecretário de Relações Exteriores na gestão de San Tiago Dantas, quando o Brasil, sob a presidência de João Goulart, adotou uma política externa independente e altaneira.
O homenageado faz parte de um grupo de cientistas militares que tem no nome do almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva uma de suas referências mais importantes. Figura destacada em episódios decisivos da história brasileira, Álvaro Alberto foi professor catedrático de química da Escola Naval. Presidiu a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e, mais tarde, a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Foi também membro titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Em 1934, partiu do almirante o convite ao físico italiano Enrico Fermi – um dos líderes do Projeto Manhatan, responsável pelo desenvolvimento das primeiras armas nucleares – para que este viesse ao Brasil proferir conferência na ABC. O almirante também compôs a delegação de cientistas que, em 1925, recepcionou Albert Einstein em sua visita ao Brasil.
Abertura
A abertura da reunião anual dos cientistas aconteceu na Concha Acústica da Cidade Universitária, e contou com a presença de 3 mil pessoas que acompanharam a solenidade. A Mesa de Abertura foi composta por autoridades da Universidade Federal do Maranhão, da SBPC regional e nacional, representantes do governo estadual, ministros do governo federal e o vencedor do Prêmio Nobel de Química de 2011, Daniel Shechtman.
"Este evento é um presente para São Luís, que completará 400 anos este ano. É também um marco para a UFMA, porque é o momento que a Universidade se consolida como Cidade Universitária", destaca o reitor da UFMA, Natalino Salgado Filho.
Também foi entregue o prêmio "José Reis de Divulgação Científica", na categoria Instituição e Veículo de Comunicação 2012, para a Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco.
O Ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, declarou que, acima de tudo, é membro da SBPC e tem o prazer de estar presente na 64ª edição do evento. Ele ressaltou a parceria com pesquisadores das universidades, representados pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). Ao saudar a ANPG, Raupp se referiu à entidade dizendo que a Associação possui "posicionamentos construtivos e evidentes".
"Estou muito satisfeito e acredito que o Brasil precisa muito da ciência e tecnologia para se consolidar como país desenvolvido", ressaltou Raupp.
Grabois e ANPG promovem outras duas atividades
Além da mesa sobre Renato Archer, a Fundação Maurício Grabois promove outras duas atividades na programação. Uma delas, em parceria com a ANPG e com o Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (Conpedi), é o debate sobre “Os 40 anos da Guerrilha do Araguaia e a Comissão da Verdade”, que contará com as presenças de Paulo Fonteles Filho, do Grupo de Trabalho do Araguaia da Secretaria de Direitos Humanos, e Romualdo Pessoa Campos, professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás e membro da Comissão de Altos Estudos do “Memórias Reveladas – Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985)”, instituição vinculada ao Arquivo Nacional.
O debate acontecerá na quarta (25), no Auditório I do CCET, Campus Baganga da UFMA, às 15h, e abordará a recém-criada Comissão da Verdade, que investigará violações de direitos humanos perpetradas por agentes do Estado no Brasil entre os anos de 1946 e 1988. Entre os episódios a serem investigados está a Guerrilha do Araguaia, acontecimento que acaba de completar 40 anos e teve em cidades do sudoeste maranhense algumas de suas bases de operações.
Na ocasião será realizado o lançamento do livro Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas, de Romualdo Pessoa Campos. Também haverá a exibição, inédita no Maranhão, do filme Camponeses do Araguaia – A guerrilha vista por dentro, que acaba de ser premiado na 6º Mostra Cinema e Direitos Humanos.
Ignácio Rangel
Na quinta (26), na mesma hora e local que o debate sobre o Araguaia, a ANPG e a Fundação Maurício Grabois realizam o debate “Ignácio Rangel e os 50 anos de A inflação brasileira”. Trata-se de uma oportunidade de discutir uma importante obra deixada por Rangel com inspiração marxista sobre a realidade socioeconômica brasileira. Diferencia-se de outras obras do gênero pela habilidade do economista em interligar fenômenos puramente macroeconômicos e leis objetivas da formação social brasileira. A reflexão sobre os 50 anos dessa obra seminal será conduzida por Elias Jabbour, doutor em Geografia pela USP e autor do livro China Hoje – Projeto Nacional, Desenvolvimento e Socialismo de Mercado; Raimundo Palhano, economista e mestre em História pela Universidade Federal Fluminense, e Raimundo Moacir Mendes Feitosa, também economista, mestre em Planejamento do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Pará.
Confira toda a programação do encontro na página SBPCNET
Com ANPG, Fundação Maurício Grabois e SBPC
atualizada às 20h03 em 23/7/12