Renato Archer é o grande homenageado da 64ª Reunião da SBPC

O maranhense Renato Archer foi o grande homenageado na abertura da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nesta segunda-feira (23), na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luis. Archer foi o primeiro ministro da Ciência e Tecnologia do país, durante o governo João Goulart, e deu importante contribuição ao setor. Nesta terça (24), uma atividade sobre seu legado será promovida pela Fundação Maurício Grabois,que faz parte da programação da reunião.


Cartaz do 64º Reunião Anual da SBPC / divulgação

O debate acontecerá às 15h,  no auditório do Conepex, Campus do Bacanga, da UFMA, cuja mesa será composta pelo físico Rex Nazaré, ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM), o jornalista Alvaro Rocha Filho, organizador de livro sobre a trajetória de Renato Archer, do físico Antonio José Silva Oliveira, o vice-reitor da UFMA, Antonio Oliveira, e José Raimundo Braga Coelho, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). Tanto Nazaré quanto Rocha Filho trabalharam diretamente com o ex-ministro da Ciência e Tecnologia.

Quem coordenará o debate será o jornalista Fábio Palácio, diretor da Fundação Maurício Grabois, "Trata-se de um importante resgate sobre a atuação de Archer e sua contribuição para o progresso da ciência. Além de tudo, formou uma geração importante de políticos como Celso Amorim", destacou Palácio.

Durante a solenidade de abertura, o vice-reitor da UFMA destacou que Archer lutou pela inclusão da ciência e tecnologia no campo político como primeiro ministro de Estado na área e também na diplomacia. Para consolidar o reconhecimento ao cientista, foi entregue a Júlio Archer, irmão de Renato, uma placa com menções honrosas.

Archer foi capitão de fragata da Marinha Brasileira e foi integrante da junta de governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), atuando nas decisões internacionais sobre o uso da energia nuclear. O político maranhense foi ainda subsecretário de Relações Exteriores na gestão de San Tiago Dantas, quando o Brasil, sob a presidência de João Goulart, adotou uma política externa independente e altaneira.

O homenageado faz parte de um grupo de cientistas militares que tem no nome do almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva uma de suas referências mais importantes. Figura destacada em episódios decisivos da história brasileira, Álvaro Alberto foi professor catedrático de química da Escola Naval. Presidiu a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e, mais tarde, a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Foi também membro titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Em 1934, partiu do almirante o convite ao físico italiano Enrico Fermi – um dos líderes do Projeto Manhatan, responsável pelo desenvolvimento das primeiras armas nucleares – para que este viesse ao Brasil proferir conferência na ABC. O almirante também compôs a delegação de cientistas que, em 1925, recepcionou Albert Einstein em sua visita ao Brasil.

Abertura

A abertura da reunião anual dos cientistas aconteceu na Concha Acústica da Cidade Universitária, e contou com a presença de 3 mil pessoas que acompanharam a solenidade. A Mesa de Abertura foi composta por autoridades da Universidade Federal do Maranhão, da SBPC regional e nacional, representantes do governo estadual, ministros do governo federal e o vencedor do Prêmio Nobel de Química de 2011, Daniel Shechtman.

 "Este evento é um presente para São Luís, que completará 400 anos este ano. É também um marco para a UFMA, porque é o momento que a Universidade se consolida como Cidade Universitária", destaca o reitor da UFMA, Natalino Salgado Filho. 

Também foi entregue o prêmio "José Reis de Divulgação Científica", na categoria Instituição e Veículo de Comunicação 2012, para a Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco.

O Ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, declarou que, acima de tudo, é membro da SBPC e tem o prazer de estar presente na 64ª edição do evento. Ele ressaltou a parceria com pesquisadores das universidades, representados pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). Ao saudar a ANPG, Raupp se referiu à entidade dizendo que a Associação possui "posicionamentos construtivos e evidentes".

"Estou muito satisfeito e acredito que o Brasil precisa muito da ciência e tecnologia para se consolidar como país desenvolvido", ressaltou Raupp.

Grabois e ANPG promovem outras duas atividades

Além da mesa sobre Renato Archer, a Fundação Maurício Grabois promove outras duas atividades na programação. Uma delas, em parceria com a ANPG e com o Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (Conpedi), é o debate sobre “Os 40 anos da Guerrilha do Araguaia e a Comissão da Verdade”, que contará com as presenças de Paulo Fonteles Filho, do Grupo de Trabalho do Araguaia da Secretaria de Direitos Humanos, e Romualdo Pessoa Campos, professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás e membro da Comissão de Altos Estudos do “Memórias Reveladas – Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985)”, instituição vinculada ao Arquivo Nacional.

O debate acontecerá na quarta (25), no Auditório I do CCET, Campus Baganga da UFMA, às 15h, e abordará a recém-criada Comissão da Verdade, que investigará violações de direitos humanos perpetradas por agentes do Estado no Brasil entre os anos de 1946 e 1988. Entre os episódios a serem investigados está a Guerrilha do Araguaia, acontecimento que acaba de completar 40 anos e teve em cidades do sudoeste maranhense algumas de suas bases de operações.
 
Na ocasião será realizado o lançamento do livro Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas, de Romualdo Pessoa Campos. Também haverá a exibição, inédita no Maranhão, do filme Camponeses do Araguaia – A guerrilha vista por dentro, que acaba de ser premiado na 6º Mostra Cinema e Direitos Humanos.

Ignácio Rangel

Na quinta (26), na mesma hora e local que o debate sobre o Araguaia, a ANPG e a Fundação Maurício Grabois realizam o debate “Ignácio Rangel e os 50 anos de A inflação brasileira”. Trata-se de uma oportunidade de discutir uma importante obra deixada por Rangel com inspiração marxista sobre a realidade socioeconômica brasileira. Diferencia-se de outras obras do gênero pela habilidade do economista em interligar fenômenos puramente macroeconômicos e leis objetivas da formação social brasileira. A reflexão sobre os 50 anos dessa obra seminal será conduzida por Elias Jabbour, doutor em Geografia pela USP e autor do livro China Hoje – Projeto Nacional, Desenvolvimento e Socialismo de Mercado; Raimundo Palhano, economista e mestre em História pela Universidade Federal Fluminense, e Raimundo Moacir Mendes Feitosa, também economista, mestre em Planejamento do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Pará.

Confira toda a programação do encontro na página SBPCNET

Com ANPG, Fundação Maurício Grabois e SBPC

atualizada às 20h03 em 23/7/12