Luciano Siqueira: garantir avanços na comunicação é luta de todos

Ao comentar as considerações apresentadas por dirigentes da EBC e de representantes da sociedade civil, de que para veicular informação de qualidade é necessário utilizar uma linguagem já assimilada pela população, Luciano ressaltou que, apesar de avaliar a observação como “consistente”, acredita que isso não quer dizer reproduzir o que está estabelecido, “ou oferecer a mesmice”.

“Fazendo um paralelo com nossa experiência nos oito anos como vice-prefeito do Recife (2001-2008), com todas as insuficiências da nossa política cultural, nós fizemos coisas importantes e praticamos gestos que tiveram grande resposta da população”, afirmou, citando como exemplo a iniciativa da Prefeitura do Recife, durante a gestão João Paulo, da qual foi vice-prefeito por oito anos (2001-2008), de levar a Orquestra Sinfônica do Recife ao Marco Zero e aos bairros.

“Uma das maiores emoções que eu tive em oito anos de governo foi subir ao palco, contra a vontade, e contemplar uma plateia visivelmente formada por pessoas que aparentemente não eram detentoras de um alto nível de escolaridade. E a exibição da Orquestra Sinfônica para um público cujo silêncio permitia que se ouvisse uma mosca. Além disso, após a execução de cada peça irrompiam aplausos entusiásticos da plateia”.

“Isso quer dizer que, se levar coisa ruim qualquer pesquisa vai revelar que as pessoas gostam de coisa ruim, mas se levar coisa boa … Não fosse isso, a arte não seria uma forma de relacionamento humano que toca na sensiblidade, no coração, e aquilo que é de qualidade desperta o que há de melhor na subjetividade do ser humano”, destacou.

Mais avanços

Luciano comentou ainda sobre a falta de recursos para investimentos na área de comunicação pública, lembrando que “o orçamento é um desenho das prioridades, das decisões políticas tomadas por um governo”.

“Nós governamos o País desde 2003 com grandes avanços que repercutem positivamente sobre a vida da população e governamos aqui em Pernambuco, com um governador que faltando dois anos e meio para o fim do seu segundo mandato obtém mais de 90% de aprovação popular. Com razões objetivas, concretas e merecidas. Mas, tanto no plano federal como no plano estadual, nos temos de considerar que avançamos muito pouco nesse sentido que estamos aqui discutindo.”

“Isso quer dizer que há uma questão política que envolve a todos nós que eventualmente estejamos em postos de mando, mas envolve também a mobilização da sociedade para muito além do que nós representamos aqui nesta sala. E na medida em que haja a compreensão política de que nós estamos tratando de algo tão importante quanto expandir as oportunidades de trabalho, fazer chegar comida na mesa do trabalhador”, ressaltou Luciano.

Ele lembrou ainda da necessidade de engajamento da sociedade e dos governantes na luta por avanços no setor. “Não acontecerá mágica nenhuma, consistente, que ajude a população brasileira a tomar um rumo independente, progressista, se a questão da comunicação não tiver um salto de qualidade. Essa, portanto, é uma bandeira de luta política que envolve a todos nós e deve envolver os sindicatos, as associações, os movimentos sociais, a academia, igrejas progressistas, tudo que existe de organziado na sociedade, senão nós não haveremos de colocar essa questão na prioridade, inclusive, de quem governa”.

Na audiência pública, a sociedade civil esteve representada por entidades ligadas ao setor de comunicação pública do Recife, como a Auçuba, Fopecom, Centro Luiz Freire e dos sindicatos dos jornalistas e dos radialistas, além de representantes da TV Universitária (TVU).