China critica posição dos EUA sobre o Mar do Sul

A China expressa sua forte insatisfação e resoluta oposição em relação ao comunicado de imprensa divulgado na última sexta-feira (3) pelo Departamento de Estado dos EUA sobre o Mar do Sul da China, disse neste sábado (4) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Qin Gang.

Os Estados Unidos afirmaram que iriam monitorar a área para “evitar uma imposição abusiva do poderio chinês aos outros países”. Além da própria China, o Mar banha a maior parte do Sudeste Asiático. A questão é uma das principais tensões diplomáticas entre Beijing e Washington.

A declaração "ignora completamente fatos, confundindo deliberadamente o certo e o errado, e enviou um sinal muito equivocado, que não é propício para os esforços de salvaguarda da paz e da estabilidade no Mar da China Meridional e na região Ásia-Pacífico", disse Qin.

O porta-voz acrescenta que a China tem soberania indiscutível sobre as ilhas Nansha e suas águas adjacentes. Em sua declaração, Qin informa que a China estabeleceu escritórios em Xisha, Nansha e Ilhas Zhongsha, pertencentes à província de Guangdong, em 1959, para administrar as três ilhas e suas águas adjacentes. “É preciso salientar – prossegue o comunicado da Chancelaria chinesa – que a China e os países da região têm trabalhado para manter a paz e a estabilidade do Mar da China Meridional, e salvaguardar a liberdade de navegação e comércio nos últimos 20 anos”.

Ainda segundo o comunicado, em 2002, a China e os países da Associação do Sudeste Asiático (Asean) assinaram a Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar, que afirma que os Estados soberanos diretamente envolvidos devem resolver as suas disputas territoriais e jurisdicionais por meios pacíficos e através de consultas amigáveis e negociações, e não devem haver movimentos que levem ao aumento das disputas.

Para o porta-voz da Chancelaria chinesa, é preocupante que certos países não respeitem e não cumpram a Declaração. "Isso tem criado dificuldades para a negociação do Código de Conduta. Portanto, a China, enquanto mantém uma atitude aberta para a negociação do Código de Conduta com os países da Asean, defende que as partes envolvidas respeitem estritamente a Declaração, de modo a criar as condições necessárias e ambiente favorável à negociação do Código de Conduta”, disse Qin.

Os Estados Unidos manifestaram na última sexta-feira preocupações sobre as crescentes tensões no Mar da China Meridional, e criticaram o estabelecimento de uma guarnição chinesa na cidade (ilha) de Sansha.

O porta-voz da Chancelaria chinesa, entretanto, questiona: “Por que os EUA fazem vista grossa ao fato de que certos países abriram uma série de blocos de petróleo e gás, e emitiram leis nacionais para se apropriar das ilhas e das águas? Por que os EUA evitam falar sobre as ameaças de navios de guerra de certos países aos pescadores chineses e sobre suas reivindicações injustificadas de direitos de soberania sobre as ilhas chinesas? E por que os EUA decidiram expressar abruptamente as suas preocupações e mexer com a questão num momento em que os países da região estão melhorando a comunicação e o diálogo e tentam resolver os conflitos e acalmar a situação?"

O comunicado da Chancelaria chinesa finaliza afirmando que a Ásia-Pacífico é uma região relativamente estável e dinâmica do mundo e um motor importante para a recuperação econômica global e que os EUA deveriam seguir a tendência dos tempos, respeitar a aspiração comum dos países da região para manter a paz e a estabilidade e promover o desenvolvimento, respeitar a soberania da China e sua integridade territorial e dar mais contribuições para a paz e a prosperidade da Ásia-Pacífico.

Qin ressalta que a China e os países da Asean estabeleceram a maior área de livre comércio entre países em desenvolvimento desde que iniciaram um diálogo há mais de 20 anos. A China e os países da Asean têm enfrentado conjuntamente os desafios da crise financeira asiática, a crise econômica e financeira mundial, bem como catástrofes naturais e têm feito progressos na cooperação em todas as áreas. De acordo com Qin, a China atribui grande importância à cooperação amistosa com a Asean, apoia o processo de integração da Asean e o importante papel do bloco na cooperação na Ásia Oriental, ressaltando que a China está pronta para trabalhar com os países da Asean para eliminar distúrbios e promover o desenvolvimento da parceria estratégica bilateral.

Em cúpula no último mês, a Asean (Associação dos Países do Sudeste Asiático) debateu a questão e não houve consenso para resolver as questões de soberania em ao menos seis pontos do Mar da China Meridional.

O Mar da China Meridional possui um volume anual de comércio de aproximadamente US$ 5 trilhões e representa uma das áreas de mais intenso transporte marítimo no mundo.

Com informações do China Daily e agências internacionais