Egito: ações antiterroristas na Península do Sinai vão continuar
O exército egípcio anunciou que vai manter sua campanha na península de Sinai. Segundo informações militares, nesta quarta-feira (29), onze terroristas foram mortos e 23 ficaram feridos no começo de sua campanha de segurança iniciada após o ataque que custou a vida de 16 guardas da fronteira no sábado, 5 de agosto.
Publicado 29/08/2012 14:38
A agressão foi atribuída a extremistas islâmicos ou partidários do ex-presidente Hosni Mubarak, segundo versões divergentes, carentes de confirmação, com informa a Prensa Latina.
“As forças armadas continuarão com sua operação e procederão nesta quarta-feira (29) sua reorganização para continuar perseguindo os terroristas fugitivos e terminar com as células terroristas em Sinai”, acrescenta o texto.
A operação de segurança, apoiada por tanques e helicópteros, é a mais importante no Sinai desde a retirada de Israel após o tratado de paz de 1979 que limita a presença militar na península.
Israel
De acordo com a Prensa Latina, membros dos Ajuan Musulmín (Irmandade Muçulmana) — organização a que pertenceu o atual presidente, Mohamed Morsi — acusaram a inteligência israelense de ter induzido o ataque para complicar a vida do mandatário, que assumiu a presidência no dia 30 de junho deste ano depois de ganhar no segundo turno uma eleição muito disputada.
Horas após ser eleito, Morsi renunciou à sua condição de membro da Irmandade, em um gesto pensado para deixar claro que ele se propõe a ser o presidente de todos os habitantes do Egito — país no qual coexistem credos islâmicos e cristãos.
No entanto, é clara a sua orientação política em consonância com a dessa entidade, criada em meados da década de 1920 e perseguida por vários governos egípcios, incluído o de Mubarak, que enviou Morsi à prisão por vários anos.
Nessa sensibilidade filosófica, está incluído o apoio às aspirações palestinas a um Estado independente. Esta ideia se choca com o objetivo primário de Israel de ocupar os territórios autônomos e absorver sua população em condição de cidadãos de segunda ou terceira classe.
A decisão de distanciar-se de Israel ficou em evidência em junho passado quando o ex-ministro de Petróleo Sameh Fajmi foi condenado a 15 anos de prisão por assinar com Tel Aviv um tratado de venda de gás a preços inferiores aos do mercado; além disso, o pacto está sujeito a revisão.
O golpe doeu em Israel, já que 40% do gás que consome vêm das jazidas egípcias, cujas vantagens, além do preço baixo, são as despesas inferiores de transporte e segurança no fornecimento.
Para o governo israelense, o início das operações militares no Sinai no começo deste mês constitui outro sinal inquestionável e preocupante de que os laços com o Egito vão mudar em curto prazo, em momentos de crescente tensão regional, nos quais Tel Aviv prefere manter-se concentrado nos temas sírio e palestino, mas, sobretudo, no iraniano.
Conflitos no Oriente Médio
Membros da cúpula dirigente israelense preparam um ataque eletrônico aéreo em massa de foguetes contra as centrais nucleares da República Islâmica do Irã, na certeza de que serão apoiados pelos Estados Unidos e pelas potências europeias.
Teerã foi claro em suas advertências de que uma agressão contra o Irã será respondida de maneira contundente dentro e fora do Oriente Médio. De acordo com a agência cubana, essa “possibilidade que poderia levar o mundo a um combate de proporções apocalípticas, cujos resultados são imprevisíveis”.
Nesse contexto, altos funcionários públicos israelenses aumentaram a pressão sobre o Cairo, entre eles o chanceler Avigdor Lieberman, notório por suas posturas extremistas. Ele exigiu que Morsi visite seu país como prova das intenções de manter em vigência o acordo bilateral de paz. “A recusa do presidente egípcio ao chamado é mais que provável, considerando a falta de tato que implica semelhante exigência ao presidente de um país soberano, como se fosse um governo submisso”, observa a Prensa Latina.
Por sua vez, a chancelaria em Washington considerou que o deslocamento de forças egípcias na península deveria ter sido informada de antemão no marco do acordo entre ambos Estados, uma forma mais sutil de tomar partido, ficando menos evidente sua parcialidade a favor de Israel.
“Agora, com a bola no seu campo, o presidente egípcio tem em suas mãos uma tarefa herculana: provar, ao mesmo tempo, sua dignidade nacional, independência e flexibilidade, termos que geralmente se contrapõem”, conclui a agência.
Com Prensa Latina