Assad Frangieh: Em passos firmes e pra frente

Toda vez que as iniciativas de intermediação em qualquer conflito aumentam de intensidade é porque a solução política ainda não amadureceu. Isso se aplica na Síria onde os envolvidos externos continuam com suas políticas de intervenções sanguinolentas e desastrosas: tanto no campo da mídia, da economia, da diplomacia e do campo de batalha.

Por Assad Frangieh*

Não há nenhuma possibilidade das gangues armadas ou dos mercenários estabelecerem uma área geograficamente com domínio estável e duradouro. Consequentemente suas táticas militares permanecem em semear a violência nos vilarejos isolados, bairros carentes e zonas rurais até a chegada das forças sírias que intervém sem aviso prévio e os dizimem. Por outro lado, o Exército continua aplicando sua estratégia de interromper as vias principais de suprimentos nas fronteiras turcas e libanesas, empurrando os agrupamentos armados em se concentrarem em regiões sem alternativas de fugas ou de mobilização. As televisões privadas no Oriente Médio têm mostrado depoimentos de muitos combatentes presos, transformados em assassinos a sangue frio em nome de Allah. As notícias são fartas a respeito, porém, censuradas pela mídia recrutada contra a Síria. Por ironia da política e do destino, não se sabe claramente se os Estados Unidos está concentrando a nata do terrorismo para derrubar o Governo Sírio ou para que ele acabe com eles.

Para enfatizar a situação. Não há guerra civil na Síria. Não há população se enfrentando. Há uma guerra guiada por países cúmplices contra as instituições de um Estado Sírio. Quem se convenceu disso foram os próprios sírios. Por esta razão que a população dos locais em conflito se tornou o maior apoio logístico do Exército Sírio. Em paralelo, as lideranças otomanas e os fomentadores de guerras do Conselho de Golfo começaram sentir o reflexo da crise na Síria em seus próprios lares. A decepção maior vem do Egito. O presidente vem mostrar por seus discursos e seus atos que seu comprometimento com a política da aliança OTAN, Conselho do Golfo Pérsico e Tel Aviv, deixará saudades dos tempos de Mubarak, principalmente para os palestinos em Gaza.

É mais provável que haja uma estupidez de Israel em bombardear o Irã do que uma intervenção militar na Síria. Na Síria, uma explosão militar atingirá em pleno Istambul e Tel Aviv. Um bombardeio ao Irã criará uma fila de diplomatas em Teerã pedindo desculpas, perdões e fazendo as mais absurdas promessas de pacificação. Uma esperança que certamente não acontecerá, porém há políticos que acreditam nela. As eleições norte-americanas constituirão um marco importante porque definirão os rumos predominantes da política externa: maior ou menor agressividade, lançar seus exércitos ou resguardar-se numa Guerra fria… Temos que esperar um pouco mais enquanto isso, como disse o Presidente Sírio para seu Povo, a situação deve durar ainda, porém continuará melhorando em passos firmes e pra frente.

Assad Frangieh é editorialista do Al Marada