Altamiro Borges: FHC está certo sobre “fadiga de material”

Quando Lula opina sobre as eleições municipais, a mídia cai de pau e exige “compostura” do ex-presidente. Mas quando FHC dispara suas bravatas, a mesma imprensa repercute amplamente. Alguns “calunistas” até babam e pedem benção ao grão-tucano. Nos últimos dias, FHC está com a corda toda.

Por Altamiro Borges, em seu blog

Já atacou a “herança pesada” de Lula e recebeu uma bordoada da presidente Dilma. Já apareceu no programa de Serra e até explorou o “mensalão petista”. No meio de tanta falação, porém, o ex-presidente até que disse uma verdade.

Na semana passada, o “príncipe da Sorbonne” tentou teorizar sobre as causas das dificuldades do candidato tucano à prefeitura de São Paulo – que caiu de 31 para 21% nas últimas pesquisas do Datafolha e corre o sério risco de nem ir para o segundo turno. Num lapso de sinceridade – ou talvez seja mais um capítulo da sua briga fratricida com Serra? –, FHC explicou ao jornal Estadão que a queda deriva de uma “fadiga de material” e que há um “cansaço do eleitorado com a predominância do PSDB por muito tempo” no governo paulista.

O "coveiro" de Serra

Neste ponto, FHC está certo. De fato, ninguém aguenta mais a mesmice e a mediocridade dos tucanos em São Paulo. O PSDB ocupa o Palácio dos Bandeirantes há 18 anos e há oito anos manda na prefeitura da capital, com as gestões de Serra e Kassab. Neste longo período, os problemas do estado e da cidade se avolumaram. Para piorar, o partido apresentou novamente a candidatura do eterno candidato José Serra, com cheiro de mofo e inúmeras promessas não cumpridas – inclusive a de não abandonar a prefeitura.

A soma da rejeição do próprio candidato (que bate recorde) com a péssima gestão da capital (que também é recordista em rejeição) explica as dificuldades de José Serra. Há, de fato, uma “fadiga de material”, um “cansaço do eleitorado”. Quem não deve ter gostado deste diagnóstico certeiro foi o rejeitado candidato tucano. Mas Serra pode ficar tranquilo. A mídia “amiga” evitou dar destaque à declaração do “coveiro” FHC. Seguindo a receita de Rubens Ricupero, ela enfatiza o que lhe interessa e esconde o que lhe prejudica.