Renda aumenta e distância entre ricos e pobres fica menor no país

O rendimento médio mensal real dos brasileiros aumentou 8,3% entre 2009 e 2011. A parcela dos 10% mais pobres da população teve o maior aumento (29,2%), enquanto o 1% mais rico teve 4,3% de crescimento. Com isso, o Índice Gini para os rendimentos de trabalho no Brasil recuou de 0,518 em 2009 para 0,501 em 2011.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011 (Pnad), divulgada nesta sexta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor do rendimento médio mensal do trabalhador brasileiro chegou a R$ 1.345.

O Índice Gini é a medida do grau de concentração de uma distribuição, cujo valor varia de zero, perfeita igualdade, até um, a desigualdade máxima. Ou seja, quanto mais próximo o índice for de zero, menos concentrada é a distribuição dos rendimentos.

“O salário mínimo puxou a parte de baixo para cima”, afirma Fernando de Holanda, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo explicou, os elevados aumentos do salário mínimo são os principais responsáveis pela queda na desigualdade social no país. Ele disse que, embora o salário dos mais pobres não chegue a um salário mínimo, ele serve como referência e puxa um aumento para cima.

Regiões

Entre as regiões, apenas no Norte aumentou o índice de rendimentos, de 0,488, em 2009, para 0,496, em 2011. Ao contrário das outras regiões, no Norte o maior aumento dos rendimentos ocorreu para os 5% que recebiam mais (de R$ 5.840,00 para R$ 6.429,00).

Nas demais regiões o aumento no rendimento foi maior para os mais desfavorecidos e menor para os 10% com maiores rendimentos; a queda mais expressiva do índice de Gini foi observada no Sul (de 0,482 para 0,461).

O rendimento médio mensal real dos domicílios particulares permanentes com rendimento foi estimado em R$ 2.419,00 em 2011, representando ganho real de 3,3% em relação ao de 2009 (R$ 2.341,00). Houve aumento do rendimento domiciliar em todas as grandes regiões. O Nordeste registrou a menor variação (2,0%) em relação a 2009, assim como o menor valor (R$ 1.607,00).

De 2009 para 2011, houve um aumento 3,6 milhões de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado. No total de empregados no setor privado, 74,6% tinham carteira de trabalho assinada. O rendimento das pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas, com rendimento, cresceu de R$ 1.242,00 para R$ 1.345,00, de 2009 para 2011.

O perfil dos desocupados com 15 anos ou mais de idade também foi levantado pela pesquisa. Mais da metade dos desocupados era de mulheres, 35,1% nunca trabalharam, mais de um terço (33,9%) era de jovens entre 18 e 24 anos de idade; 57,6% pretos ou pardos e 53,6% com ensino médio incompleto. A PNAD também confirmou a tendência de queda no trabalho infantil (5 a 17 anos) em 2011. Em dois anos, houve redução de 14%; entretanto, esse contingente chega a 3,7 milhões.

Observou-se que a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais de idade no Brasil em 2011 foi de 8,6% (12,9 milhões de analfabetos), 1,1 ponto percentual a menos do que em 2009 (9,7%, 14,1 milhões de analfabetos). Dos analfabetos, 96,1% tinham 25 anos ou mais de idade. Desse grupo, mais de 60% tinham 50 anos ou mais de idade (8,2 milhões).

Em 2011, a população de 10 anos ou mais de idade tinha, em média, 7,3 anos de estudo. As mulheres, de modo geral, eram mais escolarizadas que os homens, com média de 7,5 anos de estudo, enquanto eles tinham 7,1 anos de estudo.

De 2009 para 2011, a taxa de escolarização (percentual de estudantes de um grupo etário em relação ao total do grupo) das crianças entre 6 e 14 anos de idade aumentou em 0,6 ponto percentual, chegando a 98,2%. Já para os jovens entre 15 e 17 anos, o percentual caiu de 85,2% para 83,7% no mesmo período.

População

Em 2011, a população residente no Brasil foi estimada em 195,2 milhões, um aumento de 1,8% (3,5 milhões) em relação a 2009. As mulheres representavam 51,5% (100,5 milhões) da população e os homens, 48,5% (94,7 milhões).

As pessoas entre 0 e 29 anos de idade correspondiam a 48,6% da população e as com 60 anos ou mais, 12,1%. Em 2009, estes valores eram, respectivamente, 50,2% e 11,3%, indicando que prossegue a tendência de envelhecimento da população.

A região Norte manteve as maiores concentrações nos grupos de idade mais jovens, sendo 57,6% da população com idade inferior a 30 anos. Na faixa de 45 a 59 anos, os maiores percentuais estavam no Sudeste (18,5%) e no Sul (19,4%); o mesmo ocorreu no grupo de 60 anos ou mais (13,3% e 13,1%, respectivamente).

Na população feminina, 46,7% tinham entre 0 e 29 anos de idade e, 30 anos ou mais, 53,3%. Já entre os homens, os percentuais foram de 50,5% e 49,5%, respectivamente.

Do total da população, 47,8% (93,3 milhões) eram brancos, 8,2% (16,0 milhões) negros, 43,1% (84,1 milhões) pardos e 1,0% (1,9 milhão) indígenas ou amarelos.

União conjugal

Na população com 15 anos ou mais de idade, 57,1% (85,5 milhões) viviam em união com cônjuge ou companheiro(a). A região Sul tinha a maior participação de pessoas vivendo em união (61,9%) e o Nordeste, a menor (55,4%). Já na análise do estado civil, havia maior percentual de pessoas solteiras (48,1%) do que casadas (39,9%), situação que se repetiu em todas as regiões. Devido a um aprimoramento na forma de captação das informações de nupcialidade na PNAD 2011, não é possível realizar comparações com 2009.

Rendimento

Em 2011, o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas e com rendimento, cresceu 8,3% em relação a 2009, passando de R$ 1.242,00 para R$ 1.345,00. Todas as grandes regiões tiveram aumento: Norte (7,7%; R$ 1.100,00), Nordeste (10,7%; R$ 910,00), Sudeste (7,9%; R$ 1.522,00), Sul (4,0%; R$ 1.461,00) e Centro-Oeste (10,6%; R$ 1.624,00). Quando consideradas todas as fontes, o rendimento médio mensal real das pessoas com rendimento apresentou ganho de 4,6%, atingindo o valor de R$1.279,00.

Maior aumento

De 2009 a 2011, a maior elevação nos rendimentos de trabalho (29,2%) foi observada para os 10% com rendimentos mais baixos, de R$ 144,00 para R$ 186,00. De modo geral, constatou-se uma redução no crescimento do rendimento conforme seu valor aumentava. Com isso, o Índice Gini para os rendimentos de trabalho no Brasil recuou de 0,518 em 2009 para 0,501 em 2011 (quanto mais próximo de zero, menos concentrada é a distribuição dos rendimentos). Em 2011, os 10% da população ocupada com os rendimentos de trabalho mais elevados concentraram 41,5% do total de rendimentos de trabalho.

Concentração do rendimento

A região Norte foi a única a apresentar elevação do índice de concentração de rendimento, de 0,488, em 2009, para 0,496, em 2011. Na região, o maior aumento dos rendimentos ocorreu para os 5% que recebiam mais (de R$ 5.840,00 para R$ 6.429,00). Em todas as demais regiões o Índice Gini caiu, sendo que a queda mais expressiva foi observada no Sul (de 0,482 para 0,461), que tem o menor índice e onde foi observada queda para os 10% com maiores rendimentos (de R$ 5.539,00 para R$ 5.533,00). Vale destacar ainda que, nessa região, o rendimento para 1,0% da população que recebia mais caiu de R$ 15.261,00 em 2009 para R$ 15.177,00 em 2011. As regiões Nordeste (0,522) e Centro-Oeste (0,520) apresentaram as maiores concentrações de rendimento em 2011.

Trabalhadores domésticos

Em 2011, os empregados com carteira de trabalho assinada obtiveram ganho real de 4,9% em relação a 2009. Os militares e estatutários e os outros empregados sem carteira de trabalho assinada também tiveram acréscimo no rendimento do trabalho principal (6,2% e 11,6%, respectivamente). Considerando os trabalhadores domésticos com carteira de trabalho assinada, o aumento no rendimento foi de 5,2%, enquanto para os sem carteira foi de 15,2%.

Rendimento em domicílios particulares

O rendimento médio mensal real dos domicílios particulares permanentes com rendimento foi estimado em R$ 2.419,00 em 2011, representando um ganho real de 3,3% em relação ao de 2009 (R$ 2.341,00). Todas as classes de rendimento tiveram crescimento, especialmente as classes mais baixas, o que resultou na diminuição da concentração, representada pela queda do Índice Gini de 0,509 em 2009 para 0,501 em 2011.

Houve aumento do rendimento domiciliar em todas as grandes regiões, sendo que o Centro-Oeste apresentou o maior aumento (6,6%), além de ser, entre as regiões, a que possuía o maior valor (R$ 2.936,00). O Nordeste registrou a menor variação (2,0%) em relação a 2009, assim como o menor valor (R$ 1.607,00).

Rendimento das mulheres

Em 2011, o rendimento médio mensal real de trabalho dos homens ocupados foi de R$ 1.417,00 e o das mulheres ocupadas foi de R$ 997,00. Proporcionalmente, as mulheres recebiam 70,4% do rendimento de trabalho dos homens. Em 2009, a proporção era de 67,1%. Em 2011, enquanto 22,1% dos homens ocupados recebiam até 1 salário mínimo, para as mulheres este percentual era de 31,4%. Além disso, havia proporcionalmente mais mulheres ocupadas sem rendimentos ou recebendo somente em benefícios (10,0%) do que homens (5,8%).

Mercado de Trabalho

De 2009 para 2011, houve crescimento de 1,0 milhão de pessoas (1,1%) na população ocupada de 15 anos ou mais de idade, totalizando 92,5 milhões de trabalhadores. No Sudeste, onde estavam concentrados cerca de 43% dos trabalhadores, verificou-se alta de 1,6% na população ocupada. O crescimento da população ocupada foi inferior ao da população em idade ativa, com queda no nível da ocupação (proporção de pessoas ocupadas na população em idade ativa) de 62,9%, em 2009, para 61,7%, em 2011. Houve aumento no contingente de ocupados para todas as faixas etárias, a partir dos 30 anos de idade.

Ensino médio e superior completo

De 2009 para 2011, na população ocupada, cresceram os percentuais de trabalhadores com pelo menos o ensino médio completo (de 43,7% para 46,8%) e de trabalhadores com pelos menos o ensino superior completo (de 11,3% para 12,5%), enquanto o percentual de trabalhadores com o ensino fundamental incompleto caiu de 31,8% para 25,5%.

Contingente de ocupados

O contingente de ocupados cresceu 5,2% nos setores de serviços (41,5 milhões de pessoas), 1,9% no comércio e reparação (16,5 milhões) e 13,6% na construção (7,8 milhões), de 2009 para 2011, enquanto foram registradas quedas de -7,3% no setor agrícola (14,1 milhões) e -8,0 % na indústria (12,4 milhões).

Carteira assinada

Entre os ocupados, aumentou a participação dos empregados (59,0% para 61,3%) e de dos trabalhadores por conta própria (20,7% para 21,2%). Por outro lado, houve redução de 7,8% para 7,1% nos trabalhadores domésticos e de 4,4% para 3,4% nos empregadores.

O contingente de empregados (exclusive trabalhadores domésticos) era cerca de 56,7 milhões, dos quais 80,2% no setor privado e 19,8% no público. No setor privado, 33,9 milhões de empregados (74,6%) tinham carteira de trabalho assinada, um acréscimo de 11,8%, ou 3,6 milhões de empregos com carteira, em relação a 2009.

Taxa de desocupação

Em 2011, aproximadamente 6,6 milhões de pessoas estavam desocupadas (não estavam ocupadas e tomaram providência efetiva para conseguir trabalho). Apesar da queda expressiva na taxa de desocupação, no Brasil (de 8,2% em 2009 para 6,7% em 2011) e em todas as regiões, ainda persiste, para alguns grupos, uma dificuldade maior de inserção no mercado de trabalho. Dos desocupados, 59,0% eram mulheres; 35,1% nunca tinham trabalhado; 33,9% eram jovens entre 18 e 24 anos de idade; 57,6% eram negros ou pardos e 53,6% deles não tinham completado o ensino médio.

O aumento no contingente de ocupados em 2011, associado à redução de pessoas desocupadas, trouxe como consequência a queda significativa da taxa de desocupação, que baixou de 8,2% em 2009, para 6,7% em 2011. Na região Sul, foi verificada a menor taxa de desocupação (4,3%) e na Nordeste a maior (7,9%).

Trabalho Infantil

Em 2011, havia no país cerca de 3,7 milhões de trabalhadores de 5 a 17 anos de idade; em dois anos houve redução de 597 mil nessa faixa, 14,0%. Trabalhavam 89 mil crianças de 5 a 9 anos de idade, 615 mil na faixa de 10 a 13 anos e 3,0 milhões entre 14 a 17 anos. Nas três faixas etárias, os homens eram maioria entre as pessoas ocupadas.

O nível da ocupação das pessoas de 5 a 17 anos de idade caiu de 9,8%, em 2009, para 8,6%, em 2011, o que se repetiu em todas as regiões, exceto no Norte (de 10,1% para 10,8%). As regiões Norte (10,8%) e Sul (10,6%) tinham os maiores níveis em 2011, e o Sudeste, o menor (6,6%).

Em 2011, o rendimento mensal domiciliar per capita real dos trabalhadores de 5 a 17 anos de idade foi de R$ 452,00, enquanto o dos que não trabalhavam foi de R$ 490,00. Em média, esse contingente de pessoas trabalhava, habitualmente, 27,4 horas por semana. A taxa de escolarização deste grupo ficou em 80,4%, sendo que 37,9% deles não recebiam contrapartida de remuneração. A população ocupada de 5 a 13 anos de idade estava mais concentrada em atividade agrícola (63,5%). Aproximadamente 74,4%, nessa faixa, estavam alocadas em trabalho sem contrapartida de remuneração (não remunerados e trabalhadores para o próprio consumo ou na construção para o próprio uso).

Educação

A taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais de idade no Brasil em 2011 foi de 8,6% (12,9 milhões de analfabetos), 1,1 ponto percentual a menos do que em 2009 (9,7%). Entre os analfabetos, 96,1% estavam na faixa de 25 anos ou mais de idade. Desse grupo, mais de 60% tinham 50 anos ou mais de idade (8,2 milhões).

Entre as regiões, a maior taxa de analfabetismo foi a do Nordeste, 16,9%, correspondendo a 6,8 milhões de analfabetos, 52,7% do total de analfabetos. Mesmo com uma taxa de analfabetismo que é quase o dobro da nacional, o Nordeste teve a maior queda na taxa de 2009 para 2011 (1,9 ponto percentual).

Escolaridade das mulheres

Em 2011, a população de 10 anos ou mais de idade tinha, em média, 7,3 anos de estudo. As mulheres, de modo geral, são mais escolarizadas que os homens, com média de 7,5 anos de estudo, enquanto eles têm 7,1 anos de estudo. Em todos os grupos etários, com exceção do grupo de 60 anos ou mais de idade, a média de anos de estudo das mulheres foi superior a dos homens. A maior média foi a do grupo etário de 20 a 24 anos (9,8 anos), sendo de 10,2 anos de estudo na parcela feminina e de 9,3 anos na masculina.

Taxa de escolarização de crianças

De 2009 para 2011, a taxa de escolarização (percentual de estudantes de um grupo etário em relação ao total do grupo) das crianças entre 6 e 14 anos de idade aumentou em 0,6 ponto percentual, chegando a 98,2%. Já para os jovens entre 15 e 17 anos, o percentual caiu de 85,2% para 83,7% no mesmo período.

Rede pública de ensino

Dos 53,8 milhões de estudantes estimados em 2011, 42,2 milhões (78,4%) eram atendidos pela rede pública. Até o ensino médio, a rede pública de ensino foi responsável pelo atendimento da maioria dos estudantes. No ensino superior (6,6 milhões de pessoas), a rede privada atendeu 73,2%. No Sudeste, a rede particular atendia 2,2 milhões de estudantes de nível superior, o que correspondia a 78,7% do total de estudantes desse nível.

Domicílios próprios

Em 2011, o numero estimado de domicílios particulares permanentes foi de 61,3 milhões, 4,7% a mais que em 2009. Desse total, 45,8 milhões (74,8%) eram domicílios próprios. A média de moradores por domicílio caiu de 3,3 em 2009 para 3,2 em 2011. O número de domicílios unipessoais aumentou de 7,0 para 7,8 milhões no período.

Esgoto sanitário cresceu 71,8% na região Norte

A rede coletora de esgotamento sanitário passou de 59,0%, em 2009, para 62,6%, em 2011, alcançando mais 3,8 milhões de domicílios. O destaque foi o aumento de 63,8% na região Norte (de 547 para 896 mil unidades).

Fonte: Portal do Planalto