Indianos protestam contra política antipopular

A greve de uma semana atrás na Índia foi uma poderosa demonstração do repúdio dos trabalhadores e de outras camadas laboriosas às novas medidas antipopulares impostas pelo governo, considerou o Partido Comunista da Índia (marxista).

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Numa nota assinada pelo seu Bureau Político, o PCI(m) congratulou-se com a adesão à paralisação, realizada quinta-feira (20), a qual foi praticamente total em 11 Estados, com destaque para Bengala Ocidental e Kerala, e muito forte nas demais regiões para onde foi convocada.

Em Tripura, onde os comunistas têm grande implantação, a greve foi cumprida no dia 15, situação semelhante à ocorrida no Estado de Odisha, com o protesto a ocorrer no dia 17. Em Maharashtra, cuja capital é Mumbai (Bombaim), principal centro financeiro do país, a greve não foi realizada devido às celebrações religiosas locais.

Num balanço global, a greve "demonstrou o repúdio popular para com as medidas antipopulares do Governo", diz o PCI(m). Nesse sentido, o Partido "exige que o primeiro-ministro Manmohan Singh cancele o programa de privatização das empresas públicas e de alienação de participações estatais, bem como a abertura ao investimento direto estrangeiro dos setores até agora dominados pelo Estado".

Os comunistas indianos reivindicam, igualmente, "a revogação do aumento dos preços do gasóleo e a revisão da restrição imposta ao número de garrafas de gás subsidiado a que cada família tem direito", afirma-se no documento, onde se garante, ainda, que "a luta vai intensificar-se".

Informações difundidas por agências noticiosas confirmam que na greve e nas ações de protesto ocorridas em todo o País terão participado dezenas de milhões de pessoas. As principais cidades do país registaram forte adesão à greve no setor público (escolas, serviços públicos centrais e locais, transportes, etc.) e no privado. Em algumas localidades, o povo bloqueou vias de comunicação e queimou pneus.

O secretário-geral da Confederação de Comerciantes estimou em cerca de 50 milhões o total de pequenos comerciantes e vendedores ambulantes que se uniram à jornada, dos quais, garante, depende a subsistência de pelo menos 220 milhões de pessoas.

A Confederação da Indústria, por seu lado, calculou em mais de dois bilhões de dólares os prejuízos provocados pela paralisação nas unidades produtivas, no comércio e nos serviços, indicador que atesta a dimensão da paralisação.

Já esta semana, os distribuidores de gás anunciaram para o próximo dia 1 de outubro uma greve nacional, porque, dizem, também eles serão afetados pela limitação do número de botijões subsidiadas que as famílias mais carentes poderão comprar.

Submetido a intensas pressões, incluindo dos seus parceiros governamentais, o chefe do governo indiano prometeu, sábado (22), estudar alternativas e combater a corrupção.

Manmohan Singh tem visto a sua base de apoio sofrer forte erosão. Horas depois do anúncio das novas medidas, milhões de pessoas saíram às ruas da Índia em protestos espontâneos e massivos.

Fonte: Avante!