Lula aos estudantes: “Precisamos politizar o debate eleitoral”

Estudantes bolsistas do ProUni se reuniram nesta quinta-feira (27) para marcar o apoio e o compromisso da juventude paulistana com a eleição de Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo. O ato político teve a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representantes de entidades estudantis e militantes. O ato foi centrado no tema educação e na concepção de desenvolvimento inclusivo inaugurada após a eleição de Lula à Presidência.

Por Mariana Viel, da Redação do Vermelho

Lula, Haddad e Daniel - Ricardo Stukert/Instituto Lula

Líderes estudantis da União da Juventude Socialista (UJS), da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), da União Estadual dos Estudantes (UEE), da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), do Conselho Municipal da Juventude, além de representantes da juventude dos partidos que integram a coligação Para Mudar e Renovar São Paulo, reforçaram o compromisso dos estudantes da capital com a candidatura de Haddad.

Em entrevista exclusiva ao Portal Vermelho, Lula afirmou que a nove dias das eleições a militância deve se mobilizar para visitar o comércio, as portas de fábricas e sair às ruas para politizar o debate sobre as eleições na capital. “Penso que cada um de nós tem que sair pra rua e convencer as pessoas nas áreas que tem influência. Há um trabalho muito grande a ser feito pela nossa militância de convencimento das pessoas. Sempre me preocupo porque durante muito tempo a política é negada. É verdade que você tem políticos que merecem isso, mas é verdade que temos gente séria que muitas vezes também é tratada de forma pejorativa. Acho que se você negar a política o que vem depois é pior. O que temos que fazer é politizar a sociedade. Cada um de nós que temos ideias precisamos expressar nossas ideias cada vez mais e a juventude tem um trabalho enorme a ser feito e nós não temos o direito de não eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo”.

O ato foi apresentado pelo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, e pela vice-presidenta da entidade, Clarissa Alves da Cunha. O dirigente estudantil falou da importância da atuação da juventude brasileira nos avanços e conquistas de políticas públicas voltadas para a educação. “Quando Lula ainda era presidente da República, os estudantes pressionavam o governo por mais avanços na educação. Hoje temos Lula como um amigo dos estudantes e dos movimentos sociais.”

Daniel ressaltou que o compromisso dos estudantes não deve se resumir à campanha para levar Haddad à Prefeitura de São Paulo, mas deve ser construído nos próximos quatro anos através da cobrança da melhoria da educação na capital.

A candidata a vice-prefeita Nádia Campeão (PCdoB) afirmou que é necessário ter senso crítico para participar da reta final do primeiro turno da campanha. Ela criticou a falta de compromisso da campanha do candidato do tucanato paulistano José Serra, que declarou esta semana à imprensa que só irá apresentar seu programa para São Paulo no segundo turno das eleições. “Antes de falar em segundo turno é preciso passar pelo primeiro”, argumentou.

Ela explicou que o programa de governo proposto por ela e Haddad para São Paulo é fruto de seis meses de um intenso debate com lideranças da cidade, movimentos sociais, especialistas e intelectuais. Nádia disse que o ex-presidente é a inspiração do compromisso para a construção de uma São Paulo mais humana, inclusiva e próspera.

Aos estudantes, Fernando Haddad relatou o processo de construção do ProUni. Ele explicou a origem do ProUni, contando que foi sua mulher, Ana Estela, quem o estimulou a levar a ideia – nascida quando ele ainda atuava na Prefeitura de São Paulo – para o governo federal. Relatou também a luta para a aprovação do programa no Congresso e até no Judiciário. "O que me deixa feliz com o ProUni não é só que o pobre entrou na universidade. É porque o negro entrou na universidade. Isso é o resgate de uma dívida histórica."

Ele afirmou que as pessoas que criticam esse e outros programas sociais idealizados durante o governo Lula não conhecem a realidade da periferia de São Paulo. O candidato a prefeito defendeu o alinhamento da política municipal com os projetos federais e questionou o fato de São Paulo registrar índices ainda insatisfatórios na educação de base.

Haddad também falou dos programas que implantará na capital na área do ensino, como a educação em tempo integral, que já alcançou mais de 32 mil escolas públicas no Brasil, mas que “não chegou a São Paulo pela mesquinhez da administração local".

Também em entrevista ao Vermelho, o candidato das forças progressistas da capital afirmou que os estudantes são uma parcela muito significativa e que tem muita consciência da abertura de oportunidade que aconteceu a partir do governo Lula e que conhece o significado histórico de todo esse processo.

Formado em Relações Internacionais, o ex-bolsista do ProUni que hoje trabalha no Instituto Lula, Flávio Sousa afirmou que “falar do Programa Universidade para Todos é falar do sonho de um Brasil mais inclusivo”.

Depoimentos

Em depoimento, alunos bolsistas do ProUni relataram as dificuldades ao acesso do ensino superior no Brasil antes da eleição de Lula e as transformações sociais promovidas na vida dos brasileiros após a aprovação do programa. O aluno de Administração Jonathan Silva afirmou que Lula e Haddad asseguraram o ingresso do filho do pedreiro, da costureira e do cobrador de ônibus na universidade. “Eles garantiram o meu sonho e o sonho de mais de um milhão de brasileiros.”

Vanessa Castilho, estudante de Medicina e membro da direção estadual da União da Juventude Socialista (UJS), lembrou que apenas na capital paulista cerca de 200 mil estudantes ingressaram na universidade através do ProUni. Ela destacou que o programa do governo federal não mudou apenas a realidade desses alunos, mas transformou toda a lógica da política conservadora brasileira que se prestava a “dar benefício àqueles que já nasceram beneficiados”. “Aprendemos com Lula e Haddad que a gente consegue ser o que a gente quiser neste país.”

Em um emocionante relato, o estudante de direito James Hermínio falou da realidade dos negros que viviam na periferia até a eleição do ex-presidente Lula. O futuro advogado, filho de um jardineiro e uma vendedora, contou que sua mãe sempre sonhou em ter um filho na universidade. “Vejo pessoas falando mentiras sobre o governo Lula e isso me deixa particularmente revoltado. Porque quando é um negro que nem eu que morre no meu bairro, quando é um amigo meu que se perde nas drogas, ninguém vai lá protestar. E por que dizem mentira contra ele? Porque estamos ocupando um espaço que era para ser deles, um espaço que eles julgavam ser deles. Mas eles vão ter que arrumar outra mão de obra barata porque filho de nordestino, filho de pedreiro, filho de jardineiro não vai ser mais mão de obra barata. A gente agora pode ser doutor”.