Clemente, o Comandante sobrevivente da ALN

Apesar das dores sofridas pela guerra, das privações referentes à liberdade juvenil, Clemente, admite seu compromisso humanista em lutar pela libertação do povo sob o domínio de um Estado repressor instituído por um golpe. Paga um preço alto até os dias atuais, como ele mesmo diz: "… eu não morri, mas eu morri, porque cada um dos meus companheiros que morreram eu morri um pouco junto".

Por Ana Claudia Garcia

Comandante Clemente

A expressão utilizada por ele, "não tenho esqueletos no armário…", comprova-se em seus dois livros publicados, Viagem à luta armada e Nas trilhas da ALN, e revelam o compromisso do guerrilheiro com a verfdade, e expõe as dores sofridas pela tortura de parentes e companheiros, pelas mortes sofridas ou praticadas, e revela todo seu legado de luta e abdicação à causa contra a dtadura civil e militar no Brasil. Os ensinamentos contidos em sua obra literária, Viagem à luta armada, que nunca esquecerei e que carrego como dogma é a questão da verdade. Pois, "somos revolucionários, temos que assumir nossos atos, não se muda o mundo com mentiras".

Assim é, o Comandante Clemente; na entrevista a seguir podemos saber um pouco mais da sua participação na história do nosso país.

"Nossa organização chama-se Ação Libertadora Nacional como é que eu vou explicar para o meu povo que eu estou lutando para libertar o meu país me tornando responsável por trazer tropas de um exército estrangeiro para lutar dentro do meu país internacionalizando o conflito."

"Todo combatente tem marcas de guerra, mentira aquele que disser que não tem, não sofre, porque a guerra é o ato mais extremo. É o momento extremo da humanidade em que você tem dois lados se enfrentando com arma de fogo. Então, as marcas de combatente eu tenho e terei sempre e eu que tenho que aprender a conviver com isso."

"Arrependimento eu não tenho nenhum, porque a gente precisava ter na história do Brasil, isso muito claro, quando há tirania há resistência … Agora, as marcas de guerra eu tenho, eu não morri, mas eu morri, porque cada um dos meus companheiros que morreram eu morri um pouco junto."

"A primeira companheira que eu tive na vida, Ana Maria Nacinovich foi fuzilada na luta armada, no bairro da Mooca saindo de um restaurante, reconhecida pelo dono do restaurante"

"Minha mãe foi torturada, tive uma irmã torturada… Todas aquelas pessoas que iam morrendo eu ia morrendo junto também. E, tinha as mortes que eu cometi."

"Eu sou um humanista, eu entrei para luta armada por ser um humanista. Agora você veja que prejuízo que causou o golpe de estado, que fez com que brasileiros e brasileiras tivessem que participar de uma luta fratricida. Alguém acha que nós estamos ali porque gostávamos de ficar dando tiro os outros? Então nós temos essas dores."

Carlos Eugênio da Paz, Clemente.
Comandante da Ação Libertadora Nacional

Fonte: Rede Democrática