Por que democratizar e para que(m) serve a mídia?

18 de outubro – Dia de Luta pela Democratização da Comunicação.

Quase 100% dos lares brasileiros tem televisão; a grande maioria deles também tem rádio. Somos bombardeados de informações todos os dias, a cada minuto, através desses veículos de comunicação, bem como pelos jornais impressos, revistas, internet. E que informação é essa?

Toda a mídia convencional e, em especial, a radiodifusão, devido ao seu alcance, tem um lado – e não é o lado da classe trabalhadora, das maiorias sociais. Ela atua sustentando e fortalecendo um padrão hegemônico e opressor, levando às casas das pessoas, todos os dias, ideias e valores: o jeito "certo" de viver, de se comportar em sociedade, de amar, de se vestir, de se relacionar com as pessoas, de consumir, o que é bonito e o que é feio. E tudo isso chega com um único sotaque, em uma única cor de pele, com um tipo único de cabelo e pela voz de uma única classe social.

Nesse ponto, vale destacar a diferença da radiodifusão para os demais meios. Quem tem uma emissora de rádio ou de TV está ocupando um espaço PÚBLICO e finito: o espectro eletromagnético do Brasil. Através de concessões, que são renovadas periodicamente sem controle social, as empresas (emissoras) ganham o direito de transmitir em determinada faixa uma programação e tem uma legislação de conteúdo que a regula. Ou seja, apesar de parecer, a Globo não é dona do pedaço de espectro que ela ocupa – ele pode, sim, ser tirado dela – e não tem direito de fazer com ele o que bem entender, mas, não é o que acontece. Violência contra à mulher, estupro, homofobia, gordofobia, são algumas das muitas opressões transmitidas pelas emissoras através de suas novelas ou propagandas consumistas, que buscam naturalizar essas práticas. Se a mulher é “vilã”, merece apanhar, se é gorda é feia e motivo de piada, se foi estuprada é porque estava bêbada.

Esse jeito de ser e viver que aparece na nossa tela, através do jornalismo, da publicidade e do entretenimento, é o "certo" para quem? Não para a diversidade de cores, gêneros e culturas que existe no Brasil e no mundo. Pelo contrário. A grande mídia atua, o tempo inteiro, fortalecendo e dando sustentação a ideologia da classe dominante, que é branca, machista, racista, homofóbica, gordofóbica, cristã, classicista e, de tantas outras formas, opressora. 

Nossa sociedade é colorida e cheia de sotaques, de religiões e de culturas. Mulheres não tem um corpo padronizado, não são brinde de cerveja, desodorante, automóveis e o que quer que seja, nem são donas de casa por natureza, logo os produtos de limpeza e eletrodomésticos não servem só para mulheres.

Como interferir na produção e reprodução desse conteúdo? Podemos decidir o que assistir e o que não assistir? Podemos decidir quem ocupa esse espaço público? Sim! Podemos. Queremos avaliação na renovação das concessões, que as rádios comunitárias possam existir e interferir na sociedade, banda larga de qualidade para todos (as) e CONTROLE SOCIAL DA MÍDIA JÁ. Queremos ocupar os meios de comunicação contando nossas próprias histórias.