Ciganos mortos no Holocausto são homenageados na Alemanha

As autoridades alemãs inauguraram nesta quarta-feira (24) o primeiro memorial em homenagem aos milhares de ciganos perseguidos e mortos pelo regime nazista de Adolf Hitler na capital alemã. Estima-se que de 220 a 500 mil membros da comunidade cigana tenham sido executados no Holocausto.

memorial

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente do país, Joachim Gauck, se uniram a cem ciganos sobreviventes do massacre na cerimonia de abertura. Uma flor foi erguida em um pedestal triangular no meio da piscina circular e os presentes fizeram dois minutos de silêncio em memória das vítimas.

“Para mim, é muito importante que nós tenhamos uma cultura da lembrança”, afirmou Merkel segundo a rede britânica BBC. “Todas as gerações devem confrontar a sua própria história. E, para isso, nós devemos ter espaços adequados para as pessoas irem, no futuro, quando as testemunhas daquele tempo não estiverem mais vivas”.

O poema "Auschwitz" escrito pelo poeta italiano Santino Spinelli está cravado em torno da borda da piscina e a cronologia do regime nazista exposta em suas cercanias. O memorial, localizado no parque Tiergarten próximo ao parlamento alemão, foi construído depois de anos de discussão sobre seu custo e projeto arquitetônico.

A inauguração vem no mesmo dia em que jornais alemães acusam o ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, de discriminar os ciganos e dificultar a entrada de imigrantes, mesmo como refugiados, no país. Organizações de direitos humanos, jornalistas e ciganos aproveitaram a oportunidade para denunciar o preconceito que os ciganos ainda enfrentam no país.

“A abertura do memorial manda uma importante mensagem para a sociedade de que sentimento contra ciganos é tão inaceitável quanto o antissemitismo”, afirmou Romani Rose, líder da comunidade na Alemanha.

“Apesar de o memorial reconhecer finalmente o genocídio nazista dos ciganos na Europa, ele não mostra uma solução para o dilema da exclusão e segregação que as gerações futuras dos ciganos enfrenta”, analisa o jornal alemão Der Tagesspiegel.

Fonte: Opera Mundi