Debate/Globo: Haddad defende mudança; nervoso, Serra não inova

O último debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo serviu para consolidar visões. Esse último foi também o mais curto, com duração de menos de uma hora. Antes, Haddad e Serra haviam se encontrado na Band e no SBT. Segundo as pesquisas de intenção de voto, o petista lidera com uma vantagem que vai de 17 a 20 pontos.

De outro, José Serra (PSDB) voltou a evocar questões morais e abordou em vários momentos o julgamento da Ação Penal 470, o chamado “mensalão”, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De um lado, o petista Fernando Haddad apresentou-se como o canal para a mudança e como o representante de um programa sólido de governo, em contraposição a um adversário que muda as ideias ao sabor dos ventos.

Diferentemente do candidato tucano, Fermando Haddad continuou com a postura dos debates anteriores e não ficou na defensiva. Além do mais do mesmo, José Serra apresentou propostas que só apareceram na última semana de campanha, como o “bilhete amigão”.

Após um primeiro bloco sem questões polêmicas, a segunda parte do debate promovido pela Rede Globo teve início com o sorteio de uma pergunta sobre corrupção. Serra aproveitou para chamar atenção para o “mensalão”, tônica de sua campanha desde o domingo (7) em que se confirmou sua passagem ao segundo turno.

O petista respondeu refinando um pensamento que havia apresentado em outros momentos: “Serra,mais do que eu, talvez você pudesse responder, porque isso começou em Minas Gerais com o PSDB. O mentor intelectual disto tudo foi o Eduardo Azeredo, que está sendo processado por tudo isso. Você, que foi da cúpula do PSDB… Eu não. Nunca fui filiado às instâncias partidárias (…) Não finja que não sabe o que aconteceu em Minas Gerais. Não é correto com a população”, disse. “Meu partido defende a apuração. O presidente Lula nomeou oito dos dez ministros que julgaram no STF. Nomeou o procurador. Meu partido não tem problema de ir às últimas consequências”, continuou Haddad, que voltou a lembrar o caso de Hussain Aref Saab, ex-diretor da Prefeitura responsável pela liberação de grandes empreendimentos imobiliários na capital. “Um único funcionário que você nomeou na Prefeitura angariou esse valor todo em imóveis apenas. Sabe Deus o que está por trás desses imóveis.”

Saúde da Mulher

Serra pergunta a Haddad sobre a ampliação do Programa Mãe Paulistana. A resposta do petista: “Na minha opinião, o candidato José Serra tem uma visão muito restrita da mulher. Ele vê a mulher apenas como gestante. Vejo a mulher de maneira muito mais ampla: da maternidade à terceira idade".

Bilhete Único

Sobre sua proposta de bilhete único, o tucano reafirmou que irá ampliar do número de horas de três para seis horas, e a criação de uma passagem válida pelo dia inteiro aos finais de semana.

O ex-ministro da Educação dos governos Lula e Dilma ironizou que a sugestão tenha aparecido de última hora, e indicou que se trata de uma proposta copiada de Levy Fidélix (PRTB), candidato derrotado no primeiro turno. “Meu programa foi apresentado no dia 13 de agosto. E não muda ao sabor das circunstâncias. Serra, vou construir 150 quilômetros de corredores de ônibus”, reafirmou.

Serra aproveitou o momento para rebater a afirmação de Haddad de que a proposta tenha saído da cartola de última hora no desespero de reverter a tendência de voto, que, segundo as pesquisas, é favorável ao petista.

“Não tirei da cartola. Tirei da cachola. Porque nós estudamos. Isso foi estudado, medido, avaliamos a proposta.” O adversário rebateu: “Tirou a ideia da cachola do Levy Fidelix.”

Sobre o metrô, Haddad responde a Serra sobre a ampliação das linhas do metrô: “O que a população sabe, Serra, é que talvez nossos netos vão conhecer essas obras de vocês. A cada ano eleitoral vocês anunciam novas linhas, e no ano seguinte às eleições vocês esquecem.”

Solidez

Nas considerações finais, Serra mais uma vez insistiu em recordar o “mensalão”. “Vamos perseguir todos aqueles objetivos para melhorar a condição de vida dos paulistanos. Tenho que dizer que a população leva em conta, sim, questões de honra. Este procedimento do mensalão indigna a população.”

Já Fernando Haddad reafirmou seu compromisso para transformar São Paulo e lembrou do lançamento de seu programa e da ampla participação para a sua construção.

“(O programa) não foi remendado desde então ao sabor das pesquisa de opinião. É um programa sério para colocar São Paulo em um tempo novo. Não podemos aceitar a situação em que a cidade se encontra. Nós podemos muito mais”, afirmou, recordando ainda a saída prematura de Serra da Prefeitura em 2006, pouco mais de um ano após assumir o mandato, para disputar o governo do estado de São Paulo. “É preciso se dedicar ao longo dos quatro anos. Nada de renúncia, nada de meio expediente. Dinheiro existe no Brasil. O que falta é ideia. O que falta é projeto. É isso que falta na cidade de São Paulo. Uma visão generosa.”

Com agências