Causa da morte: ser mulher

O Dia Internacional contra a Violência contra a Mulher, celebrado todos os anos em 25 de novembro por ativistas e organizações pelos direitos humanos, foi estabelecido para dar visibilidade à luta contra a violência de gênero contra as mulheres em todo o mundo.

Por Carolina de Assis na Revista Samuel

Feminicídio - Roberto Sivilia via Fools Journal

Em Roma, um grupo de mulheres encontrou uma maneira tocante de homenagear as 107 vítimas de feminicídio em toda a Itália desde o início do ano: elas pintaram 107 silhuetas femininas em um muro no bairro de San Lorenzo, cada uma com uma etiqueta com o nome e a data de morte da vítima. Todas essas mulheres foram assassinadas por seus ex ou atuais companheiros, com exceção de uma garota de 17 anos, morta enquanto tentava defender a irmã do ex-namorado, de apenas 22 anos.

As organizações feministas e de mulheres na Itália têm promovido ações com o objetivo de incluir os homens no combate à violência de gênero e ao feminicídio. A campanha “Noi no: uomini contra la violenza sulle donne” (“Nós não: homens contra a violência contra as mulheres”) sublinha a importância da conscientização dos homens para o problema – aspecto essencial no combate à violência de gênero, e que infelizmente não costuma receber a devida atenção por parte de alguns grupos feministas.

Personalidades conhecidas do grande público italiano têm aderido à campanha, como o cantor Vinicio Capossela, o prefeito da cidade de Bologna, Virgilio Merola, e o jogador de futebol Alessandro Diamanti.

O último domingo (25) inaugurou também a campanha internacional “16 dias de ativismo contra a violência de gênero”, organizada pelo Centro para a Liderança Global das Mulheres da Universidade de Rutgers, no estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos. A campanha, que é realizada em conjunto com organizações ao redor do mundo, termina no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, relacionando a violência de gênero a uma violação mais ampla dos direitos humanos das mulheres.

Segundo o site Adital, no Brasil o tema da campanha é “Compromisso e atitude pela Lei Maria da Penha– a lei é mais forte”, que pretende mobilizar a sociedade e promover a atuação conjunta entre governo e justiça a fim de diminuir a impunidade nos crimes contra as mulheres. O último caso divulgado de violência de gênero no Brasil é assustador e profundamente revoltante por várias razões: a idade da vítima, a covardia do agressor e a inação da polícia e da justiça. Em Florianópolis, no dia 30 de agosto, Pamela, de 16 anos, teve 40% do corpo queimado por seu ex-namorado Thiago da Silva Flores, de 27 anos. Essa não foi a primeira tentativa de homicídio de Thiago contra Pamela, que ja tinha registrado três boletins de ocorrência antes do último ataque. Ela acaba de voltar para casa após 70 dias no hospital. Thiago continua livre.

Enquanto Thiago se esconde aos olhos de todos na casa da mãe em Canoas, no Rio Grande do Sul, Pamela vive em situação precária e corre risco de morte se não seguir as recomendações médicas. Ela precisa de ajuda, e a página Feminismo na Rede está organizando os esforços e orientando quem quiser e puder colaborar.