Seminário discute estratégias do Brasil para defesa nacional 

Deputados, embaixadores, militares, acadêmicos, sociedade civil e especialistas se reuniram em seminário realizado nesta terça-feira (27), na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), para discutir as estratégias do Brasil na área da defesa nacional. O evento, que contou com a participação de mais de 400 pessoas, foi idealizado pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara. O seminário segue nesta quarta-feira (28).

Seminário discute estratégias do Brasil para defesa nacional

Na abertura do seminário, Perpétua Almeida anunciou que vai articular a criação de um Grupo de Trabalho constituído por parlamentares, sociedade civil, acadêmicos, empresários e integrantes do governo federal para que proponham saídas que representem os interesses do Estado e do povo brasileiro.

Os projetos estratégicos da Marinha, Aeronáutica e Exército, segundo dados das Forças Armadas, estão estimados em mais de 400 bilhões de reais em 20 anos, o que acarretará até o ano de 2030 em 60 mil novos empregos diretos e 240 mil indiretos.

“A proposta é estudar e observar os investimentos em defesa no Brasil. Buscaremos assim levar à presidenta Dilma e ao conjunto da sociedade proposições que nos permitam adotar orçamentos previsíveis e compatíveis com as necessidades de nosso país na área da Defesa, constituindo assim uma espécie de Fundo Soberano da Defesa”, destacou a deputada.

O ministro da Defesa, embaixador Celso Amorim, que discursou sobre a Defesa Nacional e o pensamento estratégico brasileiro, defendeu uma integração da sociedade e do governo na discussão e definição de um projeto sólido de estratégia de defesa. Segundo ele, o governo não pode tomar decisão que não esteja amparada pela sociedade.

Amorim ressaltou a importância, por exemplo, de apoio dos parlamentares para a continuidade da destinação de recursos para os programas das Forças Armadas. E citou iniciativas que precisam de apoio, como a construção do submarino nuclear; a criação de uma segunda esquadra; e mais investimentos em equipamentos modernos de mobilidade para o Exército.

Amorim disse ainda que o Brasil precisa renovar a frota com aeronaves de combate, fortalecer o Centro de Defesa Cibernético e reorganizar a indústria nacional de Defesa. De acordo com ele, “a possibilidade de conflito armado não pode ser descartada”. Portanto, observou, os riscos de ameaça exigem medidas preventivas.

Riscos e ameaças

Na avaliação do subchefe de Inteligência Estratégica do Ministério da Defesa, major Brigadeiro Roberto Carvalho, não há ameaça de conflito bélico nos próximos 30 anos. A preocupação, afirmou, é com atentado terrorista durante a realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo de Futebol.

Já o professor André Martin, da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que a Otan e os Estados Unidos são ameaças à soberania dos outros países. “Tropas da Otan tomaram Cabo Verde”, lembrou.

O ministro Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, ressaltou a importância de a sociedade entender que é preciso ter dotação no Orçamento para cuidar da Defesa Nacional. Ele disse que, quando o cronograma de liberação de recursos para as Forças Armadas não é cumprido, a execução dos programas fica desestabilizada.

“É preciso que os deputados entendam a necessidade de destinação de recursos para as Forças Armadas executarem seus programas”, disse o ministro. “Nunca seremos uma sociedade respeitada se não tivermos as condições de nos defender”, alertou.

Leia a íntegra do discurso da deputada perpétua Almeida.

Da Redação em Brasília
Com agências