Relator cede a pressão e retira nomes do parecer da CPMI

O relator da CPMI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), cedeu a pressão do "grupo independente" de parlamentares e modificou, na última hora, o seu parecer inicial retirando o pedido de indiciamento de jornalistas e de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Com as alterações, o relatório final pede o indiciamento de 29 pessoas e a responsabilização de 12 agentes com foro privilegiado na Justiça.

Nesta quarta-feira (28), o relator apenas leu o resumo do parecer, que tem 89 páginas e está disponível na internet. A votação do texto ficou para a quarta-feira (5), depois que foi aprovado o pedido de vista coletivo pelo período de cinco dias úteis. Os parlamentares terão uma semana para sugerir novas modificações no relatório.

Segundo Cunha, a mudança foi possível porque o indiciamento de jornalistas e a investigação de Gurgel não eram questões centrais, como o “núcleo da organização criminosa”. Agora ele espera aprovar o texto. “Esse relatório, com as alterações que fizemos, significará a intenção da maioria da comissão”, afirmou.

O relator retirou do texto final do seu parecer os dois capítulos, o que tratava da Procuradoria-Geral da República, e o que tratava da mídia, isentando de envolvimento dom o esquema Cachoeira, além do procurador Roberto Gurgel, os jornalistas Policarpo Júnior, chefe da Veja em Brasília; Eumano Silva, diretor da revista Época; Mino Pedrosa, muito conhecido em Brasília e Goiás, principalmente por políticos ligados aos ex-governadores Joaquim Roriz, Marconi Perillo e José Roberto Arruda, além do radialista Jorge Kajuru.

Também faziam parte do relatório os jornalistas Luiz Costa Pinto, o Lulinha, proprietário da empresa Ideias, Fatos e Textos (IFT); Cláudio Humberto; Magno José, o Maguinho; Mino Pedrosa e Renato Alves.

Pressão

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) comemorou a exclusão desses itens do relatório, dizendo que “a pressão exercida pelo grupo ‘independente’ teve a sua primeira vitória”. Segundo ele, ainda faltam a inclusão no relatório de outras linhas de investigação, como a relação da construtora Delta com agentes públicos de outros estados além de Goiás, assim como com o governo federal.

O relator não aceitou o acordo firmado, pouco antes do início da reunião, entre o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e parlamentares da base governista e da oposição. Segundo o acordo, as sugestões enviadas pelos parlamentares e aceitas pelo relator entrariam no texto final. Já as rejeitadas pelo relator poderiam ser votadas no plenário da comissão. Cunha foi contra a última parte do acordo. “Quem não concorda com o texto completo precisa votar contra todo o relatório”, disse.

Veja como ficou o relatório após as modificações.

Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara