Moradores irão apresentar a Haddad projeto alternativo à Nova Luz

Moradores da região da Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, pretendem entregar para o futuro secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, um projeto de moradia alternativo ao Nova Luz, proposta da gestão de José Serra (PSDB) que privatiza a área. A reunião entre os moradores do bairro e Mello Franco ainda não tem dada marcada, mas deve ser realizada ainda este mês.

O projeto, elaborado ao londo de dois anos de debate entre a população em parceria com arquitetos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), prevê a redução das demolições, que atualmente chegam a 30% de toda a área construída do perímetro atingido pelo Nova Luz e, consequentemente, menos desapropriações.

A ideia é incentivar a reforma e ocupação de edifícios subutilizados e vazios. “Não há necessidade de demolir para reconstruir o ambiente. Nós colocamos foco nos imóveis vazios. Eles têm e ser os primeiros lugares onde a operação deve agir”, explica a presidenta da associação de moradores Amoaluz, Paula Ribas.

O projeto prevê prédios com apartamentos de diversas tipologias. Entre eles, alguns que podem abrigar pessoas em situação de rua e outros com características voltadas à classe média. Também se vislumbra a construção de equipamentos com oferta de tratamento para dependentes de crack. “Não adianta pensar moradia só como teto e chão. O projeto Nova Luz original não tem nenhum apontamento na direção de ajudar essas pessoas”, afirma Paula.

Lançado por José Serra em 2005, o Nova Luz foi visto como uma das prioridades da gestão atual e prevê a “revitalização” de áreas dos bairros da Luz, Santa Ifigênia e Campos Elísios, no centro da cidade. O principal argumento para o empreendimento era a necessidade de eliminar a chamada "cracolândia", alcunha pejorativa usada para determinar as ruas tomadas por dependentes de crack para usarem a droga em via pública. Alguns prédios vazios utilizados como moradia por esses dependentes chegaram a ser demolidos pela própria prefeitura, enquanto serviços públicos como a coleta de lixo e a circulação de linhas de ônibus deixaram de ser oferecidos na região, o que aumentou a deterioração do entorno.

O projeto prevê ainda a utilização de concessões urbanísticas, um mecanismo controverso previsto no Plano Diretor da cidade que permite que o governo municipal transfira para empresas privadas o direito de desapropriar toda a área que receberia investimentos. Temerosos de que o monopólio da compra de seus imóveis provocasse prejuízos aos comerciantes que atuam na região e a expulsão de moradores, associações dos dois grupos impetraram cinco ações judiciais tentando apontar a inconstitucionalidade da operação e erros no processo de elaboração do projeto. Apesar de não terem eliminado os riscos, essas ações, mesmo sem terem sido julgadas, conseguiram adiar a abertura de licitação das obras.

Agora, os moradores esperam que o prefeito eleito Fernando Haddad (PT) cumpra a promessa assumida durante a campanha de rever o projeto, respeitando a opinião das pessoas que já estão no bairro.

Fonte: Rede Brasil Atual