Quase 1 milhão de crianças estavam fora da escola em 2010

Em 2010, o país contabilizava 966 mil crianças e adolescentes, de 6 a 14 anos, fora da escola. O número corresponde a 3,3% sem acesso ao Ensino Fundamental obrigatório. O dado faz parte da publicação Censo Demográfico 2010: Resultado da Amostra – Educação e Deslocamento, divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o estudo, as desigualdades regionais podem alterar esse número. No Norte o índice era 6,1%.

Dos 3,3%, 1,3% nunca frequentaram a escola. Os outros 2% já frequentaram, mas abandonaram os estudos. No entanto, segundo o IBGE, a quantidade de crianças que não frequentam instituições de ensino infantil tem diminuído. Eram 5,5% em 2000 para 3,1% em 2010 (número um pouco abaixo dos 3,3% já que a comparação entre os dois censos foi realizada na faixa dos 7 aos 14 anos, tendo em vista que a lei que amplia o ensino fundamental para nove anos é de 2006).

Se destacada a faixa etária de 15 a 17 anos, as regiões Norte e Sul somam 18,7% de alunos a menos nas salas de aulas, acima da média nacional de 16,7% para essa faixa etária. Mas o número de evasão vem diminuindo também para os adolescentes, de 22,6% para 16,7%, com diferença grande entre as áreas urbana (15,6%) e rural (21,7%). Além disso, os dados mostram que apenas 47,3% dos jovens estavam cursando o ensino médio, o que confirma a defasagem entre a idade e a série escolar nessa faixa etária.

Segundo o IBGE, entre os jovens de 18 a 24 anos, 36,5% não completaram o ensino médio e não estavam estudando em 2010. Em 2000, o percentual chegava a 48%. O nível de abandono da escola nessa etapa é 21,2%.

O IBGE fez um alerta sobre as constatações da pesquisa: a falta dessa etapa da educação resulta em inserção precária no mercado de trabalho e maior risco de exclusão social.
A pesquisadora do IBGE Vandeli dos Santos Guerra aponta que a diferença também é grande de acordo com a situação de domicílio. “Na Região Norte você tem a dificuldade das distâncias, principalmente em área rural.”

Na faixa de 6 a 14 anos de idade, 2,9% das pessoas das cidades não frequentavam escola. O índice sobe para 5% na área rural. A diferença é acentuada na faixa de 15 a 17 anos, na qual
estão fora da escola 15,6% dos jovens das áreas urbanas e 21,7% nas áreas rurais.

Outro dado aponta que o nível de rendimento da família também tem influência na frequência escolar. Enquanto 5,2% das crianças e adolescentes de 6 a 14 anos com rendimento familiar per capita de até um quarto de salário mínimo não frequentavam escola em 2010, a proporção cai para 1,6% nas famílias com rendimento acima de 3 salários mínimos. Na faixa de 15 a 17 anos a taxa é 21,1% no nível de rendimento mais baixo e cai para 6,4% no nível mais alto.

Rede pública

Quanto à rede de ensino, as escolas públicas atendem à maioria da população até o ensino médio e na pós-graduação, enquanto o ensino superior e cursos de especialização são feitos, em sua maioria, em instituições privadas. A rede pública de ensino atendia, em 2010, a 75,8% das matrículas em creches, 71,1% da pré-escola, 82,3% na alfabetização, 86,8% no ensino fundamental, 85,8% do ensino médio, 28,9% da graduação, 22,4% da especialização de nível superior, 52,7% do mestrado, 69,8% dos cursos de doutorado e 95,7% da alfabetização de jovens e adultos.

Analisando o rendimento, os dados apontam que a frequência em cursos superiores e de pós-graduação está concentrada nas faixas mais altas de ganhos mensais. Nas classes de alfabetização, 27,9% das crianças vinham de famílias que ganhavam até um quarto de salário mínimo per capita, enquanto 47,1% dos estudantes de doutorado tinham renda domiciliar per capita acima de cinco salários mínimos.

Com Agência Brasil