Índia: fortes protestos contra estupro coletivo

Violação de estudante de 23 anos, em ônibus na capital Nova Délhi, gera revolta no país. Protestos deixam pelo menos 60 feridos. O primeiro-ministro, Manmohan Singh, pede calma à população nesta segunda-feira (24) e promete garantir a segurança das mulheres após as violentas manifestações contra o estupro coletivo de uma estudante há uma semana, que abalou a Índia.

Protesto contra estupro na Índia

Neste domingo (23) o centro de Nova Délhi foi fechado pela polícia para o tráfego depois de cenas de extrema violência durante as manifestações que reuniram milhares de pessoas. "Há raiva e ansiedade justificáveis após este evento atroz", declarou o premiê Manmohan Singh em um discurso na televisão. "Estou profundamente triste com o rumo dos acontecimentos que levaram a confrontos entre manifestantes e policiais. Garanto-vos que vou fazer o meu melhor para garantir a segurança de todas as mulheres neste país", acrescentou.

"Como pai de três filhas, tenho os mesmos sentimentos que vocês. Vamos garantir que a justiça seja feita", acrescentou, em um esforço para acalmar os habitantes após o estupro por seis homens de uma estudante de 23 anos em um ônibus, em 16 de dezembro, em Nova Délhi.

Este caso provocou uma onda de indignação no país, onde as vítimas de estupro e agressão sexual lutam para obter justiça. Segundo a polícia de Nova Délhi, centenas de pessoas, entre elas 60 policiais, ficaram feridas no domingo durante as manifestações, que chegaram a ser proibidas no centro da capital.

Nesta segunda-feira, todas as ruas que conduzem aos edifícios oficiais do governo foram fechadas. "Ninguém está autorizado a ir ao Parlamento e ao palácio presidencial", declarou Rajan Bhagat, porta-voz da polícia. "Nós sabemos que as ruas bloqueadas vão causar problemas para as pessoas, mas temos de parar as manifestações furiosas", acrescentou.

Em outro caso envolvendo protestos contra uma tentativa de estupro, um jornalista de 36 anos foi morto a tiros pela polícia em Imphal, no estado de Manipur. Cinco policiais foram presos.

Em Nova Délhi, muitas mulheres saíram às ruas para exigir maior segurança e maior punição para os agressores, em uma sociedade ainda dominada por homens.

Mas no meio da multidão também havia um grande número de jovens que atiravam pedras contra as forças de segurança, denunciou a polícia, que respondeu, fazendo uso de gás lacrimogêneo e canhões de água. "A polícia é culpada por usar uma força desproporcional (…) e o governo não compreendeu que estas manifestações são um sinal de que a população está determinada a deixar de ser um espectador silencioso diante da apatia administrativa e da fraca governança", denunciou o editorial do The Times of India.

A vítima, uma estudante de fisioterapia, foi estuprada, antes de ser agredida com uma barra de ferro e ser jogada para fora do ônibus. Com lesões graves, ela ainda está em tratamento intensivo. Os seis homens, que estavam bêbados no momento, foram presos pela polícia.