UBM marca presença no 1º curso para jovens da FDIM em Cuba

Fotos: UBM/divulgação

No total, estiveram reunidas 14 jovens feministas, representado 7 organizações de 5 países: Brasil, Colômbia, El Salvador, Guatemala e México. Na pauta, o feminismo de esquerda e os desafios dos movimentos sociais no Continente.

Temas e debates

As jovens dos cinco países tiveram oportunidade de debater diversos temas com professoras e especialistas da Universidade de Havana, do Centro dos Estudos da Mulher da Federação de Mulheres Cubanas e quadros históricos do movimento feminista internacional, incluindo a representante da FDIM no Comitê para a Eliminação da Discriminação Contra a Mulher das Nações Unidas (Cedaw) e coordenadora da Oficina Regional da FDIM, Magalys Arocha Domínguez.

Os eixos temáticos fundamentais abordados no curso foram:

1. Contexto cubano atual: processo de aplicação dos acordos do 6º Congresso e a Conferência Nacional do Partido. Implicações do bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos sobre Cuba.

2. A Federação de Mulheres Cubanas: objetivos, conteúdos, estrutura e funções neste contexto cubano atual.

3. Crise múltipla do sistema capitalista atual. Características e impacto particular nas mulheres.

4. Sistema de dominação múltipla do capitalismo atual, suas múltiplas formas de exploração e discriminação.

5. Vigência do método dialético materialista para a interpretação e transformação da realidade.

6. Partidos políticos e movimentos sociais: velhos e novos atores nos movimentos emergentes na luta anticapitalista neoliberal.

7. Os meios de comunicação social e seu papel na informação, formação, denúncia e mobilização social.

8. Valores humanos e novos paradigmas: seu papel na interpretação, avaliação e transformação da realidade. A justiça e a igualdade como valores.

9. Feminismo de esquerda na luta antineoliberal e antipatriarcal. O feminismo como condição da construção da democracia socialista.

10. A Federação Democrática Internacional de Mulheres: seu papel na luta pela paz, pela justiça e pelos direitos das mulheres em diferentes épocas.

11. Passado, presente e futuro da FDIM. As jovens: presente e futuro da FDIM.

Houve especial enfoque no sistema e plataforma das Nações Unidas para o enfrentamento das discriminações contra as mulheres, no sentido de aprofundar e aumentar a capacitação das jovens lideranças no manejo dos conceitos internacionais concernentes aos direitos das mulheres. Além do conteúdo das aulas e debates, o curso também teve inúmeros momentos de interação, além de passeios por alguns pontos turísticos de Cuba e outras atividades culturais.

Encontros cubanos

As jovens feministas também tiveram a oportunidade de se encontrar com lideranças da juventude cubana: a responsável pelo departamento de relações internacionais da União dos Jovens Comunistas e uma representante da Organização dos Pioneiros José Martí apresentaram em detalhes a política do governo cubano para a juventude e o papel das organizações juvenis, sobretudo nas agendas de Educação e Esporte.

Outro espaço de troca de ideias e experiências foi o encontro com representantes do movimento social cubano no Fórum Social Mundial. Todos abordaram a necessidade de fortalecimento do movimento social autônomo e transformador na América Latina, seu papel na resistência ao neoliberalismo e na construção de agendas alternativas, nacionalistas e progressistas pelo Continente.

Intercâmbio geracional com as fundadoras da Oficina Regional

As pioneiras da ORFDIM, Dora Carcaños (Dorita) e Nancy Iglesias, expuseram um pouco da trajetória de construção da ORFDIM e seu papel no fortalecimento da entidade no continente, sobretudo a partir da dissolução do campo socialista europeu no final da década de 80 e início dos anos 90.

Foi um encontro riquíssimo onde interagiram distintas gerações do movimento feminista internacional, confluindo para a convicção coletiva na necessidade de fortalecimento da agenda regional de luta das mulheres, especialmente entre as jovens mulheres, a partir do fortalecimento das organizações nacionais filiadas e associadas e da própria ORFDIM.

Libertem os 5 agora!

Um momento emocionante foi o encontro das jovens participantes do curso com a filha de Ramón Labañino, um dos cinco cubanos presos injustamente nos Estados Unidos. A jovem Ailí Labañino relatou o caso, a situação e o processo que levou à injustificável condenação dos antiterroristas nos Estados Unidos e falou sobre a ampla campanha internacional para libertá-los.

Na ocasião, as jovens latinoamericanas presentes ao curso leram uma carta onde exigiam a imediata liberdade dos cinco e o fim do bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba.

Próximos passos

A coordenadora da ORFDIM, Magalys Arocha, afirmou que o esforço será pela realização deste curso duas vezes ao ano e que a próxima edição (ainda a confirmar) deverá ser em julho de 2013. Ao final do curso, as participantes fizeram um esforço de apontar algumas prioridades na agenda das jovens mulheres no Continente. Para tanto, sugeriram a realização de um Encontro Regional de Juventude da FDIM no sentido de fortalecer a pauta e a presença juvenis na entidade.

Para a coordenadora de Relações Internacionais da UBM e representante da entidade no Comitê de Direção da FDIM, Maria Liège Rocha, “o curso, para além de possibilitar a formação dessas jovens líderes feministas da América Latina, propicia também o intercâmbio entre as distintas vivências e olhares dessas jovens, fortalecendo os laços de integração da América Latina.”

Abaixo, a relação das entidades participantes:

Brasil: União Brasileira de Mulheres – UBM
Colômbia: Associación Democrática de Mujeres – ASSODEMU
El Salvador: Movimiento Salvadoreño de Mujeres – MSM e Las Mélidas
Guatemala: Unión Nacional de Mujeres de Guatemala – UNAMGE
México : Unión Nacional de Mujeres de Mexico e Mujeres Revolucionarias de Mexico