Veja ataca o braço direito de Dilma

Não há trégua nem no réveillon. Desta vez, Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística e também responsável por projetos bilionários, como o trem-bala, é acusado de ter favorecido interesses privados no tempo que foi diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres; no governo, ele é um dos técnicos mais próximos à presidente Dilma

Bernardo Figueiredo

2012 ainda nem terminou e já prenuncia um 2013 quente. Aliás, bem mais quente do que as temperaturas deste verão. Na edição deste fim de semana do panfleto direitista da Editora Abril, a revista Veja, com prognósticos em relação ao próximo ano, há um ataque contra um dos principais colaboradores da presidente Dilma Rousseff: o economista Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística, a EPL, que é responsável por projetos como a construção do trem-bala entre Rio e São Paulo. Foi também Figueiredo quem modelou os projetos de concessão dos aeroportos à iniciativa privada.

A reportagem, assinada pelo repórter Daniel Pereira, o presidente da EPL foi acusado por uma comissão do Ministério dos Transportes de ter favorecido interesses privados, quando ele era diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres. O grupo favorecido seria a empresa América Latina Logística (ALL). "A ANTT vem demonstrando não ter qualquer gerência ou controle sobre a oferta do serviço ferroviário de cargas", diz o relatório, vazado do Ministério dos Transportes. "Figura-se que sua deficiência está tanto na falta de autoridade quanto na negligência, omissão e descompromisso para fazer valer o total cumprimento das obrigações contratuais".

A reportagem do panfleto da família Civita tem, no entanto, uma fragilidade, expressa no próprio texto. "Figueiredo não é citado nominalmente, porque a comissão foi criada apenas para analisar o eventual descumprimento de cláusulas contratuais, mas sua gestão é o principal alvo dos técnicos". Diz ainda que a gestão de Figueiredo impediu técnicos da ANTT de multar a ALL em cerca de R$ 10 milhões. E aponta ainda um suposto conflito de interesses, uma vez que Figueiredo foi funcionário da antiga Rede Ferroviária Federal, participou do processo de privatização das ferrovias, atuou no setor privado e agora está no comando do setor, pelo governo. "O fato de eu conhecer todas as etapas do processo só me qualifica", diz ele.

Do ponto de vista concreto, a reporcagem de Veja pode ser qualificada como um traque. Mas sinaliza a intenção de aproximar cada vez mais os canhões de figuras próximas à presidente Dilma Rousseff, uma vez que os escândalos recentes não abalaram sua popularidade.

Com informações do portal 247