França trabalha para manter aumento de imposto aos mais ricos

O governo francês está estudando formas de manter a ideia de "um esforço excepcional dos mais ricos" com um imposto de 75% para as pessoas que têm renda anual acima de um milhão de euros, apesar da censura por parte do Conselho Constitucional.

"Não vamos abandonar o espírito deste imposto", disse em entrevista publicada nesta sexta-feira (04/01) pelo jornal Les Echos o ministro de Finanças, Pierre Moscovici, que indicou que o dispositivo será readaptado, sem dar mais detalhes, que serão conhecidos nas próximas semanas.

Moscovici adiantou que calibrará o mecanismo tributário para que seja compatível com o parecer do Conselho Constitucional, porque também "está descartado que o governo sofra outro tipo de censura". O ministro também negou que esse imposto eleve a taxa máxima do imposto de renda, que este ano é de 45% para os que ganham mais de 150 mil euros.

O ministro indicou que o lógico seria que a nova contribuição para os ricos figure nos orçamentos de 2014 e evitou falar sobre a polêmica em torno do imposto de 75% ter favorecido o exílio fiscal de franceses endinheirados, como o caso do ator Gerard Depardieu. Em sua opinião, não é essa taxa o que leva os endinheirados a fixar residência fiscal no exterior, além de argumentar que por enquanto é "impossível" medir a amplitude deste fenômeno.

"Para lutar contra o exílio fiscal – comentou Moscovici – é preciso valorizar melhor a França, que tem que ser acolhedora para as empresas e para os talentos. A tributação não é mais do que um elemento entre outros", disse.

Pesquisa

Segundo uma pesquisa do instituto BVA para a rede "iTéle", publicada nesta sexta, seis de cada dez franceses são favoráveis a um novo imposto para pessoas que ganham mais de um milhão de euros, embora para a maior parte deles os 75% inicialmente colocados parece um pouco exagerado.

Concretamente, 19% dos interrogados estimaram que uma taxa de 75% ou superior é muito alta, enquanto 38% disseram que taxa justa para os milionários seria entre 50 e 75%, e 26% acreditam que a taxa deveria ser menor que 50%.

Fonte: Ópera Mundi