UBES e UNE: desafios e conquistas na esfera do ensino

Os representantes das duas entidades visitaram o governo de Luciano e Juliano a fim de apoiar o desenvolvimento da Prefeitura e apresentar algumas demandas estudantis em nível nacional e internacional

UBES e UNE: desafios e conquistas na esfera do ensino - Bibiana Sanches

A luta pelas conquistas da melhoria da qualidade do ensino é bandeira forte nos movimentos da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e da União Nacional dos Estudantes. Na representação das entidades, Manuela Braga da UBES e Mateus Fiorentini da UNE conversaram com a administração municipal para iniciar uma parceria de apoio e retornos, principalmente na questão educacional e social.

O presidente do Diretório Central de Estudantes da Universidade de Passo Fundo, (DCE-UPF), Rubens Marcon Astolfi, acompanhou Mateus a Manuela na visita, no intuito de trocar ideias, fazer uma avaliação das questões educacionais e prestar apoio às questões das entidades.

“Participamos e contemplamos a posse do Luciano como prefeito e do Juliano como vice e também aproveitamos para fazer uma reunião para trazer algumas demandas do ensino estudantil secundarista no Brasil. Conversamos com o Juliano, que também se dedica em essas bandeiras de lutas, porque são bandeiras que pensam estrategicamente o desenvolvimento e a inclusão social. Para o próximo período isto é importante para o desenvolvimento dos municípios, estados e nação”, ressaltou Braga.

O vice-prefeito Juliano em sua trajetória já foi diretor da UNE e participou do movimento de estudantes secundaristas, além dos debates estudantis universitários. De tal forma, a visita dos representantes que estão à frente das ações acerca do ensino resultaram em boas discussões. “É uma alegria receber a Manuela e o Mateus para conversar sobre demandas tão importantes”, ressaltou Juliano.

Ao seu lado, o presidente da UNE, que retornou de Cuba para visitar a família em Passo Fundo, também comentou as novas diretrizes que se iniciam com a administração de Luciano Azevedo e Juliano Roso.

“Aproveitei esse momento especial, para mim e para a política da cidade, que foi a eleição do Luciano como prefeito e do Juliano como vice, sem dúvida, fruto de uma eleição muito diferenciada na história política da cidade. Eu tenho uma relação com o Juliano de 10 anos, pessoal e política, entre lutas e batalhas, seja pela melhoria do transporte, pela defesa da educação ou por uma cidade mais desenvolvida. Então, viemos prestigiar”, declarou Fiorentini.

Demandas estudantis de sua experiência com a realidade fora do Brasil, e também no País, foram destacadas com os pareceres de Manuela, uma conversa que se dirigiu a prestar adesão às bandeiras do ensino, da qualificação e da valorização dos professores, bem como do acesso universal, ao lado de ações que possam ajudar a Prefeitura no êxito de suas medidas.

Recursos para mudar

Segundo Manuela, três bandeiras são enfatizadas pela UBES, a partilha dos royalties para a educação, o passe livre para os estudantes e a reformulação do ensino médio. “Hoje, nós temos uma demanda grande que é da partilha dos royalties para a educação, achamos que o Brasil já teve uma série de outros ciclos de riquezas naturais e o petróleo é uma fonte esgotável e finita. Então, queremos que pela primeira vez na história do Brasil, essa riqueza sirva para o desenvolvimento socioeconômico, investindo no futuro para o esporte, a educação, o lazer, e o desenvolvimento humano”, frisou.

O passe livre é defendido com base nas dificuldades de muitos estudantes em se locomover para estudar, dificuldades que muitas vezes causam efeitos contrários e deixam o ensino como opção secundária. Já a reformulação do ensino médio é pauta que tem debate em várias esferas, desde pesquisas e estudos que apontam a defasagem de um modelo arcaico, com raízes em épocas passadas e que não acompanha o jovem imagético e midiático de hoje.

“O Brasil mudou, a juventude pensa diferente e cada vez mais os jovens tem uma independência econômica, com necessidades diferentes. Por outro lado, temos uma escola que não é atualizada, que é uma escola de duas ou três décadas atrás. Nós queremos uma escola mais dinâmica, que consiga dialogar e ter uma função social”, observou Braga.

Avaliação final

Para a UBES, 2012 foi um ano de muitas conquistas. Avanços no Plano Nacional de Educação, a luta dos 10% do PIB para a educação, foram algumas das ações que marcaram o ano. Mesmo com contrariedades do governo, aprovou-se na Câmara dos Deputados a medida do PIB e, em seguida, o pedido encaminhou-se ao Senado, onde ainda se discute de onde a verba será retirada. 

“Conseguimos aprovar os 10% do PIB na Câmara dos Deputados e a própria presidente Dilma Rousseff deu uma declaração dizendo que era a favor de 10% do PIB para a educação se os royalties do estivessem vinculados. Então, isto apresentou um avanço muito grande na questão do PIB”, lembrou Manuela.

Outra ação celebrada foi a conquista das cotas raciais e sociais, para a democratização do ensino. Em apontamentos em relação ao PIB e aos royalties do petróleo para a educação, a presidente da UBES acredita que isto não resolverá a educação, porém, se não há recursos para a educação, dificilmente a estrutura de discrepância do ensino será transformada.

“O Brasil tem um déficit de 300 mil professores no ensino básico, menos das metades das escolas têm laboratórios de informática, as bibliotecas não atendem as demandas. Temos muitos problemas estruturais e com certeza com um melhor financiamento vamos conseguir avançar em todos os aspectos e conseguir criar uma nova escola”, finalizou Braga.

Do Brasil para Cuba

O presidente da UNE, Mateus Fiorentini, trouxe um cenário de marcos e resoluções na América Latina. Os movimentos da possibilidade de paz na Venezuela, o golpe do Paraguai, as mobilizações do Chile e da Argentina, o pré-sal e o PIB para a educação no Brasil, foram os principais fatos de 2012 no cenário de políticas.

Outra situação, foi a Cúpula Social do Mercosul: “se pautou muito a necessidade de se fazer o Mercosul ter um espaço multilateral que não seja somente econômico, mas também social. Temos pautado muito a necessidade de se criar um marco educacional para essa integração, para que possamos promover um impulso do intercâmbio estudantil”, afirmou Fiorentini.

A proposta é a livre circulação para os estudantes dedicarem-se aos seus estudos na América Latina, com uma possibilidade de formação e produção científica e tecnológica, que tenha os estudantes como centro. Esta é a visão colocada pelos movimentos estudantis, criar um marco educacional na América Latina com intercâmbio de cultura e ideias.

De Passo Fundo,
Fabiola Hauch