Sanções ao Irã prejudicam receitas de petróleo e gás

As receitas iranianas originadas da exportação de petróleo e gás natural caíram 45% nos últimos nove meses, segundo dados do governo do país. O Irã vive uma crise econômica e a queda no rendimento pode atrapalhar o equilíbrio das contas públicas.

As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (7) por Gholam Reza Kateb, chefe do comitê de orçamento do Parlamento. 

O representante explicou que, durante o período de nove meses, a exportação dessas commodities diminuiu em 40%, cortando a receita em 45%. De acordo com Kateb, as sanções internacionais impostas ao governo iraniano são responsáveis pela queda contínua.

Estados Unidos, países europeus e as Nações Unidas impuseram dezenas de sanções financeiras e comerciais ao Irã por conta de seu programa nuclear. Eles acusam o governo de desenvolver, secretamente, armas nucleares. Teerã nega, alegando que seu programa tem fins pacíficos e civis.

Recentemente, o ministro da Economia, Shamsedin Hosseini, declarou que "devido às sanções, as receita do petróleo foram reduzidas em 50%". O político iraniano reconheceu que isso deve rebaixar, consideravelmente, as capacidades do estado por reduzir em um terço o orçamento público.

Vidas em risco

Além de refletir-se na administração dos serviços públicos, as restrições impostas prejudicam diariamente milhares de pessoas que sofrem de doenças crônicas ou emergências. Farmácias e hospitais no Irã encontram dificuldade para importar medicamentos e equipamentos, o que, em alguns casos acarreta em risco de vida dos pacientes.

As sanções impostas por diversos países e organismos não estão atingindo diretamente a área da saúde, mas as sanções no setor financeiro e bancário impedem qualquer tipo de transação entre contas iranianas e internacionais. Por esta razão, organizações de saúde e civis não conseguem comprar os remédios e equipamentos.

Segundo dados oficiais, apenas 3% dos remédios consumidos no Irã devem ser importados. Estes medicamentos tratam de doenças crônicas, como leucemia, diabetes, insuficiência renal. A ausência deles nas prateleiras chega a prejudicar milhares de pessoas.

Em outubro de 2012, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, divulgou um relatório, denunciando este tipo de consequência das sanções. Até mesmo opositores ao governo de Mahmoud Ahmadinejad criticam as restrições, afirmando que apenas prejudicam a população.

Muitos atribuem às restrições a causa da crise econômica que assola o país. De acordo com especialistas, as sanções têm como resultado o aumento da inflação e dos preços, a diminuição da receita pública, a dificuldade de novos empreendimentos e de investimentos externos e, indiretamente, o crescimento do desemprego. Além disso, a moeda iraniana passa por desvalorização no mercado internacional.

O programa nuclear iraniano foi anunciado em fevereiro de 2003 pelo então presidente, Mohamed Khatami, que revelou a existência da instalação de Natanz e convidou a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para visitá-la.

Desde então, políticos norte-americanos e europeus desconfiam dos fins pacíficos do programa e acusam, sem provas, o governo do Irã de desejar desenvolver armas nucleares. França, Reino Unido, Alemanha e os EUA conseguiram aprovar no Conselho de Segurança seis pacotes de sanções contra o país de 2006 até os diais atuais. A União Europeia e diversos países, incluindo os EUA, também realizam bloqueios contra o país.

A AIEA faz visitas constantes ao Irã com a finalidade de acompanhar o desenvolvimento de seu programa nuclear, de modo a produzir diversos relatórios sobre o caso. Em todos estes documentos, a agência afirmou que não pôde verificar indícios de fabricação de armas nucleares.

Com Opera Mundi