Maior xilogravista do Brasil está exposto em Olinda

As xilogravuras do artista José Francisco Borges já podem ser visitadas na Biblioteca Pública de Olinda. J.Borges começou como cordelista há 50 anos. Hoje aos 77 anos de idade, o pernambucano é um dos xilogravuristas mais famosos do Brasil e inclui no currículo a arte de abertura da novela Cordel Encantado, da Rede Globo.

J. Borges - J. Borges

Ele é também o autor da arte que aparece em todo o material de divulgação da 8ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Para a mostra, que faz parte da bienal, foram selecionadas apenas gravuras com personagens femininas.

A questão de igualdade de gênero é um dos destaques do evento. Para J.Borges as gravuras escolhidas são especiais. “A mulher engrandece o ambiente em todo canto que chega. No trabalho da gravura, ela representa uma figura muito forte”.

Ao todo foram 17 figuras selecionadas. Logo na entrada, duas figuras que resumem a exposição: a mulher em suas várias facetas. Uma delas, A Poetisa, a mulher altiva, em posição de poder. Ao lado, Rezando Para Casar, aquela que se ajoelha perante Deus e pede a companhia de um homem.

Ao longo da exposição, segundo a coordenadora de Artes Visuais da Bienal, Daiara Figueroa, “a mulher é retratada como aquela que tem o controle da situação. Ela engana o diabo [A Mulher que Colocou o Diabo na Garrafa] e tem o amor de vários homens [Coração de Mulher]”.

J. Borges diz que é tudo verdade, que é assim que enxerga as mulheres. O que retrata faz parte do que vivencia. “Trabalho com pensamento, com as coisas que acontecem, com o que o povo fala. Tudo isso faz parte de um imaginário que compõe as minhas obras”. Ele foi o primeiro xilogravurista a usar cores. Tudo porque uma mulher o questionou, certa vez, se com cores as imagens não ficariam mais interessantes. "Por causa dessa mulher resolvi experimentar e deu certo".

A diversidade de gênero e sexual está presente em várias atividades da bienal. A Mostra de Projetos de Extensão Cinescrevendo: Gênero e Práticas Identitárias no Cinema Latino-Americano usa o cinema para discutir sexualidade. A atividade ocorre nesta quinta-feira (24). O espetáculo de rua Filhas de Maria, Cheias de Graça, do grupo baiano Baphão Queer, selecionado na Mostra de Artes Cênicas, fala sobre desrespeitos contra homossexuais nesta sexta-feira (25). A mostra de audiovisual também traz registros como Corpo a Corpo, do estudante carioca Adil Lepri, apresentado nesta quarta-feira .

A 8ª Bienal de Arte e Cultura da UNE é considerada o maior evento estudantil da América Latina e deve reunir em Olinda cerca de 10 mil estudantes de todos os estados brasileiros. A bienal ocorre de 22 a 26 de janeiro e une política estudantil e cultura em mostras de teatro, música e cinema, seminários de esportes, além de apresentações de trabalhos acadêmicos e de extensão. O tema desta edição é A Volta da Asa Branca, uma Homenagem ao Sanfoneiro Luiz Gonzaga, cujo centenário foi comemorado em 2012.

Fonte: Agência Brasil