Líder do MST que coordenava Ocupação é assassinado em Campos

Na última sexta-feira, mais um criminoso e lastimável incidente de violência contra militantes da Reforma Agrária brasileira aconteceu na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ).

Assassinato Líder MST

 Um dos líderes do Movimento Sem Terra (MST) na região, Cícero Guedes dos Santos (47) foi assassinado com vários tiros na cabeça e nas costas quando chegava em casa após uma reunião na Usina Cambahyba.

A Usina, que possui um complexo de fazendas que totaliza 3.500 hectares está ocupada pelo MST, e Cícero era um dos coordenadores da ocupação. Esse latifúndio foi considerado improdutivo segundo decisão do juiz federal Dario Ribeiro Machado Júnior, divulgada em junho.
A área pertencia ao já falecido Heli Ribeiro Gomes, ex-vice governador biônico do Rio, e agora é controlada por seus herdeiros.

Segundo o MST o complexo de fazendas tem sido palco de todo tipo de violência: exploração de trabalho infantil, exploração de mão de obra escrava, falta de pagamento de indenizações trabalhistas, além de crimes ambientais. Em dezembro, o Incra fez o compromisso de criar um assentamento na área da usina, mas até agora não avançou no sentido de assentar as famílias.

Marina Santos, coordenadora do MST no Rio está convicta de que o crime foi uma execução motivada pelos conflitos da terra: “É óbvio que foi mais um crime de latifúndio na região de Campos, onde sempre acontece esse tipo de atrocidade e ninguém é punido. Desta vez, as autoridades têm que investigar”, finalizou a líder do MST.

A ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do Governo Federal, Maria do Rosário, lamentou o incidente e afirmou que a disputa pela terra na região “tem sido agravada pela morosidade na tramitação de processos judiciais que envolvem imóveis considerados improdutivos e, portanto, passíveis de desapropriação para reforma agrária”.

A perseguição aos militantes que lutam pela redistribuição da terra ainda é monstruosa em todo país, uma minoria abastada que conta com um exército particular, tenta manter à força os privilégios castradores e excludentes que há séculos se concentram nas mãos de meia dúzia de “senhores da terra”. A luta no campo tem números assustadores, que pioram a cada ano, os conflitos fundiários passaram de 1.186 para 1.363, entre os anos de 2010 e 2011.

A sociedade brasileira está cansada de se deparar com crimes brutais cometidos contra trabalhadores que reivindicam seu direito à terra, esse crimes ediondos precisam de um ponto final e seus culpados devem ser descobertos e severamente punidos, afinal, não cabem mais na sociedade democrática que se consolida no Brasil, sobretudo, após os Governos de Lula e Dilma. A população do estado do Rio de Janeiro espera que as investigações tenham êxito e que a morte do trabalhador Cícero e de tantos outros que tiveram o caminho interrompido por sangue não sejam em vão. Punição aos culpados é o mínimo que anseia a sociedade.

Informações: MST e OGlobo