Walter Sorrentino: Capitais na vanguarda

A reunião da Comissão Nacional de Organização do PCdoB, em janeiro, avançou em planificar a atividade organizativa para 2013. O centro do esforço será marcado objetivamente pelo 13º Congresso. É a ocasião para tonificar as fileiras militantes, expandi-las, organizá-las, fortalecê-las em sua intervenção política, de massas, educá-las no espírito da corrente comunista e do Programa Socialista. 

Por Walter Sorrentino**

Dentre as questões destacadas do debate, esteve a das capitais. Em diferentes circunstâncias, mas marcadas todas pelos desafios políticos de preparar o projeto para 2014, elas motivam preocupações e oportunidades. Organizativa e politicamente, podem ser consideradas o principal desafio atual na construção partidária, ao lado dos também essenciais esforços com o G304 (*), os maiores municípios do país, apontados no 7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido.

Sobre as capitais, o debate havia se iniciado no Comitê Central, e foi aprofundado na dita reunião no sentido de que o partido não tem redutos eleitorais em geral, e em especial nas capitais como se viu nas recentes eleições em várias situações. O nível da disputa política e eleitoral se elevou, o partido nem sempre acompanhou os novos desenvolvimentos disso bem como das mudanças sociais profundas que se verificam na sociedade. Será necessário penetrar mais fundo nas relações sociais, incluídos os movimentos sociais, mas não só. E um movimento de revigoramento partidário com tudo que isso implica: empenhar mais energia ideológica, mais capacitação política dos quadros médios, mais intervenção social de todo o partido e mais forte empenho a partir da linha política-organizativa, em fortalecer as bases partidárias de todo tipo. Isso se beneficiará com a atração de novas lideranças que ampliem nossas relações com o povo trabalhador.

A questão mais concreta é reproduzir novos redutos políticos de massa, com potencial para constituir novos redutos eleitorais. Isso exige movimentos políticos de base, para o quê a militância precisa ser organizada, a par de uma estratégia fecunda para se relacionar com o povo e suas demandas, concretizando as pautas da luta política nacional. Constituir, nessa base, novas lideranças que se prepararão para as eleições locais de 2016, com bases próprias e de massas para alcançar mandatos renovadores.

Nesses movimentos, se pode e deve capitalizar as intersecções e reforços mútuos entre políticas e gestões públicas, as alavancas dos movimentos sociais e dos mandatos, em correlação com o trabalho das bases partidárias. Enfim, temos trunfos estratégicos para isso, na forma de “campanhas” partidárias, com bandeiras mais próximas do cotidiano do povo.

Um aspecto ressaltou dos debates: as capitais precisam estar na vanguarda desse movimento. É nelas que se sediam as principais forças políticas, as disputas mais agudas, as principais concentrações populares e eleitorais. Muitas vezes, é aí que ressaltam as principais carências eleitorais, o que é uma contradição a ser superada pelo partido.

Esse movimento precisa começar: revisar linhas de intervenção – aproveitando as vitórias obtidas, onde foi o caso – e de organização partidária, reforçar a formação ideológica e política dos quadros para por o partido ao nível da disputa política efetiva. Onde não foi o caso de vitórias, com mais razão ainda. Em todos os casos, preparar um projeto avançado de chapas próprias para 2014, abrir as fileiras partidárias decididamente a novas lideranças, disputá-las e integrá-las ao partido.

Esse será um movimento a debater desde já. Não é propriamente pauta para as conferências do Congresso, pois este se aterá exclusivamente à pauta nacional, como tem sido nos anteriores: preparar o partido em termos de sua linha nacional, fortalecer a compreensão e unidade em torno do lugar político do PCdoB no cenário e de seu papel na luta política nacional.

Então, fora e antes do movimento congressual, essa realidade das capitais precisa ser realçada e enfrentada, sem o quê o partido poderá prescindir de força para os desafios próximos, principalmente o das eleições gerais de 2014.

(*) Grupo de cidades com mais de 100 mil habitantes e outras que são prioritárias.

** Walter Sorrentino é secretário nacional de Organização do PCdoB